sábado, 4 de julho de 2020

sera milagre?? 2ª parte


       Todos os dias, a situação piorava, registavam-se novos casos de infeção, centenas de contagiados e dezenas de mortes. Este era o cenário dos dias vindouros. No entanto e, comparando com outros países, os números de infetados era bem menor
   Uma editora conhecida de Barbara contactou-a, e enviou-lhe um convite. Propor-se a escrever uma história para uma coletânea, onde o lucro seria revertido a favor da DGS, ou seja, Direção Geral de Saúde. Ela aceitou imediatamente, porque, para alem de gostar de escrever, era uma ação que fazia sentido, para o período que estamos a viver!
    Com todas as escolas fechadas e as grandes superfícies, também, eramos obrigados a ficar em casa. Ninguém podia sair! As nossas deslocações só podiam ser em caso de urgência… Toda a gente deveria cumprir um estado de isolamento social, ou melhor, a quarentena estava aí!
     Devo dizer que para mim, essa situação não era, muito, diferente, daquela que estava habituada a viver, presa a uma cadeira de rodas, e não apenas por uma época! Nesta altura e, com uma grande diferença.
    Estávamos no pico da pandemia e, era como uma terceira guerra mundial.  Passado uns dias, chegou a Páscoa! Sendo uma data familiar e importante, mas Barbara, só pensava que Deus estava em todo o lado. Ele observa-nos, atentamente, e contempla-nos para verificar se continuamos a cometer as mesmas falhas, erros ou falhanços. Depois de rezar, um pouco, ela pensou em oferecer, a Deus, todo o seu sofrimento, para que ele ajudasse, o mundo, a superar esta epidemia
      No entanto e, refletindo sobre todo este assunto chegou à conclusão que estavam na hora de nos emendarmos! Pouco depois disse este poemas e oração.
Meu Deus
Enquanto o meu “eu” se embala no Teu silencio
Aconchego em Ti a minha fé e esperança
Sem Te ver sinto que estas sempre comigo
E fico assim, envolvida de lembranças.
Meu Deus…
Sinto-Te em mim, mas sem o teu abraço
Vejo-Te na luz do luar, que resplandece,
No fundo do túnel vazio, que aparece
Na brisa que me acaricia os cabelos,
No suave brilho que me enlouquece
E nas nuvens branquinhas que enlaço.
Meu Deus…
Tu és as águas que correm…
O vento que grita e a chuva que dança…
    Nesses dias, em que estávamos em estado de emergência, ou seja, no pico da epidemia, houve dois casos de urgência que tiveram que se deslocar ao hospital, pelas mais variadas razões! Tiveram que ficar uns dias internados, no hospital e, quando regressaram foram obrigados a permanecer em isolamento, por um curto período, para o bem de todos. Os dias iam passando e os sintomas não apareciam!
    Quando o país entrou em estado de confinamento social, nós por aqui ficamos bem mais aliviados. Foi como se levássemos uma lufada de ar fresco em pleno Verão!
     Algumas pessoas pensavam que tudo voltava à normalidade, mas por em quanto, todo o cuidado era pouco. Todas as medidas de segurança e de distanciamento social eram para continuar a manter! Esta fora uma das recomendações feita pelas autoridades. Isto porque, infelizmente, ainda existiam pessoas que eram contagiadas e, assim, padeciam por causa desse vírus!
     Foi assim que, alguns, trabalhadores regressaram ao emprego. Os outros, preferiram continuar isolados, por mais algum tempo. As máscaras de proteção continuavam a ser obrigatórias, até quando? Ninguém saberia dizer…
    Quando chegamos ao treze de maio, por incrível que pareça, o santuário de NOSSA SENHORA DE FATIMA estava vazio, ou melhor, apenas alguns dos guardas do santuário e sacerdotes oravam. Muitas poucas pessoas tiveram permissão de entrar no recinto. Além do mais chovia imenso o que vinha destacar ainda mais esta condição. Ela dizia-se que, como chovia eram as lagrimas sagradas de Nossa Senhora, ela vertia-as por nós, para nos convertermos.
     Como tínhamos entrado no estado de calamidade, há poucos dias, continuávamos a ter cuidados redobrados, sendo unicamente possível assistir as celebrações religiosas pela televisão ou pela internet! Sem peregrinos presentes, estas foram as medidas de segurança tomadas pelos superiores. Apesar disso, eles, estavam todos presentes, mas de coração…
    Na noite anterior, tinha sido a procissão das velas, a que Barbara, sem ser costume, decidiu acompanhar pela televisão. Queria apenas contemplar melhor a imagem da nossa querida mãe! O enorme vazio, do recinto, estava preenchido, pelas várias velas colocadas e espalhadas pelo mesmo. O silêncio preenchia as luzes das velas, que brilhavam na escuridão da noite e, as orações do terço, nas várias línguas, como era costume, eram ouvidas e alegravam a noite…
   Barbara perguntava-se, constantemente, se Deus existia, porque é que isto estava a acontecer? Tantas desgraças sem respostas alguma? Depois dizia-se que Nossa Senhora estava triste connosco, claro que sim, por essa razão estava a chover. Estaria descontente com a nossa atitude? Só podia ser! Depois dizia para si própria, se precisar de mais almas que leve também, a minha! Porque o seu corpo estava a ser preciso, para assim, investigarem sobre a sua doença. Dizia ela constantemente. “Já que não foi útil em vida, que o seja na morte”! Assim, escreveu este poema:
Maldita doença!
Que se entranhou em mim
E me invade fisicamente
Deixando-me numa prisão
Ficando só livre em mente
Não me obrigas a viver assim
Maldita doença, maldita, coisa ruim
Quero matar-te a ti, antes que me mates a mim.

No dia dezanove de maio, o estado de calamidade continuava, mas a situação do país estava a melhorar, lentamente. Depois de dois meses de confinamento algumas escolas, restaurantes e comércio começavam a reabrir!
     Apesar de ainda estarmos longe de voltar à normalidade, algo bastante desejado por muitas pessoas, era necessário e urgente equilibrarmos o orçamento. Porque o contacto com este vírus, arruinou a nossa economia.
      “Parabéns afilhada!” – Ouviu ela alguém dizer. Deparou-se com a pessoa que fora sua madrinha de crisma à, exatamente, um ano. Ela era monitora na instituição e sempre esteve presente, ajudando-a a realizar e alimentar o desejo de ser crismada. Esta ideia nasceu, pouco antes, quando soube que o senhor bispo viria à freguesia, onde ela habitava, com o objetivo de crismar algumas pessoas. Porque não aproveitar? Perguntou-se ela e, assim chegou o dia de ser crismada! Foi uma experiência única, rica e maravilhosa!
    O facto de ser crismada não correspondia, ao querer ou ser santa, como já tinha ouvido comentar, era bom, se fosse assim, ou se calhar não, ficou sem poder dizer algo que nunca foi. Talvez o sentir-me abençoada e mais próxima de Deus. Isso talvez…
Vou esperar
Vou gravar a Tua imagem
No filme que não tem fim
Para Te levar na viagem
Que existe dentro de mim

Como eu quero abraçar-Te
Bem juntinho ao coração
Segredar-Te bem baixinho
Toda a minha emoção

TU ES TUDO

sábado, 27 de junho de 2020

UMA HISTÓRIA

              SERÁ MILAGRE????


    Barbara, como se chamava, tinha quase cinquenta e cinco anos de idade e não tinha família próxima! Embora tendo mais quatro irmãos, presentemente, viviam afastados, uns dos outros, pois, cada um tinha a sua própria vida e família! Nasceu e viveu a sua criancice, numa aldeia de Trás-os-Montes. Aldeia essa que a deixou orgulhosa e, que ela escreveu este poema!
              Na terra onde nasci e, da aldeia de onde vim
  Existem riachos de água pura
Onde saciávamos a secura
Dessas tardes de loucura,
N’uma frescura sem fim…
Antigamente, era nessa terra
Que existiam rios e fontes
Onde lavávamos a roupa
Que secava entre os montes
Vi os dias e anos passarem
E as vidas a mudarem
 Depois, a minha aldeia ficou
Abandonada pelo tempo
E acarinha no pensamento
Que a esperança deixou
E a vontade alcançou
De voltar aquela aldeia
E dançar ao luar, das estrelas a brilhar
E eu era feliz por lá estar…

      Actualmente, ela vivia numa instituição que acolhia pessoas com Multi-deficiência e, tentava viver o melhor possível! Com os vários confrontos mentais e desacordos, tornava-se complicado, sobretudo, para alguém que estava a sofrer de uma doença degenerativa e progressiva, que a prendia a uma cadeira de rodas, há quase três décadas, doença essa que a fazia sentir horrivelmente mal!
    Estaria preparada para lidar com essa diferença?
     Na altura em que lhe foi diagnosticado esse problema, ela estava na sua plena adolescência, rondava os dezasseis anos e, sentia-se feliz, simplesmente por estar viva, correr livremente e dançar, descalça debaixo dos chuviscos de Verão. Era lindo! Nesses tempos, nem sequer pensava em namorar, pois era última coisa de que ela precisava, embora houvesse, certos, colegas e amigos, interessados na mesma…
     Pouco tempo depois foi atacada pela doença onde, pouco a pouco, viu tudo á sua volta a desmoronar-se, a sua vida ficava mais pesada em todos os sentidos e emoções. Ela chamava-lhe doença malvada…
    Foi muito difícil, complicado e doloroso, pois estava a viver uma juventude, onde esta doença não fazia falta nenhuma, mas percebia que mais ninguém a desejaria, mas ela, estava na obrigação de a viver, porque era sua!
     Foi no final do segundo mês do ano de 2020, que se ouviu um comentário, infelizmente já esperado e que, assombrava os nossos sentimentos. Este abrangia uma nova doença, sendo comandada por um vírus, a COVID 19, ou seja, coronavirus, acabada de descobrir numa cidade da China.
    Sendo um vírus muito contagioso e perigoso, essa infecção já estava a contaminar os habitantes dessa cidade, contagiando-se uns aos outros, sem se aperceberem. Ele vinha-se a alastrando, por outras cidades e depois países, com milhares de mortes e infestados, mas o mais grave de tudo, este vírus era totalmente, invisível!
   Quando, no princípio do mês de março, surgiu o primeiro caso positivo de COVID 19 no nosso país, todos os nossos alarmes dispararam, cuidadosamente. Esta nova doença chegava pelas “mãos” de um imigrante. Seria mesmo?
     Muitas vezes, este vírus levava as pessoas ás portas da morte, onde a maioria delas eram empurrados para o abismo! Seria como uma gripe, mas mais severa, ainda? Talvez, mais facilmente transmissível, e que atacava, principalmente, as vias respiratórias e, pouco a pouco, avançava atacando outros órgãos.
     Parecia uma arma invisível, pronta a disparar, contra tudo e todos! 
  
    Barbara questionava-se, como é que conseguiam deteta e ter a certeza se era um vírus invisível? Perguntava-se, também, como e onde estaria neste momento? Depois dizia-se que, nesta altura, as notícias relatavam que já existiam várias medidas, de saúde, para o conseguir detetar…
    Nós, aqui nesta casa, estávamos a salvo? Preparávamo-nos para evitar algo pior, será mesmo? Desse modo evitávamos receber qualquer tipo de visitas, ou fazer deslocações desnecessárias, isto é, consultas não urgentes! Como o vírus era invisível, era nos hospitais, principalmente, que ele estaria mais ativo. Isto pensava a Barbara.
    Sendo um local, onde trabalhavam perto de duzentas pessoas, e residiam mais de cem utentes e, alguns, mais frágeis, sendo uma óptima razão, para nos resguardarmos, ao máximo! Sim, porque se todas as pessoas fizessem o que era devido, tudo seria melhor!
    Na semana seguinte, chegara ao país uma notícia muito temida, mas infelizmente esperada, a que anunciava os oito primeiros casos de falecimento, no país por essa tragédia. Eram também
confirmados dezenas de novos casos de infecções, onde centenas estavam nos cuidados intensivos!

    Quando a suspeita de um caso aqui chegou, o primeiro sentimento, foi de pavor, ficamos todos com imenso medo, porque a pandemia poderia ter chegado às nossas vidas! O medo assombrava o nosso dia-a-dia!
    Alguns dias depois foi um alívio total, a pessoa em causa fizera o teste, e o resultado foi negativo, era apenas uma simples constipação! Mesmo assim, ficou em estado de isolamento social ou de quarentena. Porque se todos somos diferentes, todos somos igualmente humanos, onde o cuidado é obrigatório!
    A epidemia mais severa e perigosa, até agora, registada e vista em todo mundo, tinha chegado. Era como uma nodoa que se ia alastrando sem nos apercebermos e, que contagiava quem se atravessasse no caminho. Sem importar quem, rico ou pobre, preto ou branco era indiferente, pois nada nem ninguém o podia deter.

CONTINUA...


quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

POEMA POTUGUÊS/FRACÊS


La voix de mon silence


Chiu ...
Je veux entendre le silence
Coupé par la voix du vent
Qui obscurcit mes pensées
Et déchirées par la voix de la mer
Qui me permet d’y voir clair

Chiu ...
Laisse-moi entendre le silence
Comme une chanson qu’il fait
Donc sa voix cherche la paix
Puis envahit mon âme
Et tout devient plus calme

Chiu ...
Je veux écouter le silence
Ôter les cris de douleur
De ceux qui souffrent d'amour
Et donne la parole à leur cœur
Qui cherche son bonheur.

Chiu …
Je préfère écouter le silence
Qui a beaucoup à me dire
Lorsque sa voix confirme
Mes plus beaux souvenirs
Qui me font souvent rire

Chiu ...
Je dois écouter le silence ...
Comme les mémoires brisés
Silencieuses mais pas oubliés
Même le souvenir sans voix
Qui renait au fond de moi…

Chiu…
Je préféré entendre le silence
Je veux qu’il habite en moi
Comme des souvenirs sans voix
Qui renaissent au fond de moi
Car je sais que c’est comme ça
Que sa voix renaît en moi…




A voz do meu silêncio


Chiu…
Quero ouvir o silêncio
Cortado pela voz do vento
Que me tolda o pensamento
E rasgado pela voz do mar
Que me permite sonhar
Chiu...
Deixa-me ouvir o silêncio
Como uma canção que se faz
E cuja voz procura a paz
Que me invade a alma
Numa voz que me acalma
Chiu…
Desejo ouvir o silêncio
Levando os gritos de dor
De quem sofre por amor
E dá voz ao meu coração
Que transborda de emoção
Chiu….
Quero escutar o silêncio
Que tem muito que se lhe diga
Quando traz uma mão amiga
De quem sem palavras fala
E todo o meu ser embala
Chiu...
Preciso de ouvir o silêncio
Das lembranças tão queridas
Silenciadas, mas não perdidas
E das recordações sem voz
Moldadas em muitos de nós
Chiu…
Deixa-me saborear o silêncio
Que prefiro que habite em mim
Como as memórias feridas
Caladas, mas não esquecidas
Tatuadas em todos nós
Porque sei que só assim
Revive a voz que há em mim...






segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Poemas Francês/Português



Lisboa-na-mente

Serei eu que espero em vão?
Pelas esperanças distantes?
Como tantos outros esperam
Lisboa nos tempos marcantes

Nas paisagens de vento e areia
Deixei o pensamento divagar
Só para alimentar esta espera
De ver Lisboa no seu despertar

Vi Lisboa tão alegre
Das festas e romarias
Mas também sinto saudade
Das ruelas quase vazias

Vi Lisboa em felicidade
Vi Lisboa adormecer
Vi Lisboa ao sol poente
E senti-a enlouquecer

Na sua noite escura caminhei
Em estradas que o sonho espreita
E lentamente por mim dei
Nas loucuras que ele enfeita

Mas é assim que me vejo
Baloiçando levemente
Com as ondas do Tejo

Em ondas perfumadas
Com gotas adocicadas
A esperança girou
E o sonho acabou
O rio avançou…
O vento soprou…
E Lisboa acordou!





Paris je t’aime


Serais-je moi qui attends en vain ?
Aboli par les espoirs lointains ?
Combien de fois j’ai attendue
Paris dans les moments perdus

Sur les paysages de vent et pluie
Je laisse mon esprit vagabonder
Pour nourrir cette attente
De voir Paris se réveiller

J’ai vu Paris très heureux
Avec ses fêtes et cérémonies
Mais il me manque souvent
De voir ses rues pleines de vie

J’ai vu Paris très lumineux
Et aussi Paris qui s’endormait
J’ai vu Paris ao soleil couchant
Avec la Tour Eifel qui nous vêlait

Dans ses nuits claires j’ai marché
Sur les routes où le rêve s’est caché
Et doucement en moi sont rentrées
Les joyeuses folies berger

C’est comme ça que je me vois
Mon Paris que j’adore
Avec le vent qui vient et qui va
Et souvent quand il pleure

La Seine est arrivée…
Avec des vagues parfumées
Et ses gouttes dorées…
L’espoir m‘a embrasser

Son rêve est entré
Et la rivière a souri
Le vent s’est levé
Et Paris aussi…