Todos os dias, a situação piorava,
registavam-se novos casos de infeção, centenas de contagiados e dezenas de
mortes. Este era o cenário dos dias vindouros. No entanto e, comparando com
outros países, os números de infetados era bem menor
Uma editora conhecida de Barbara contactou-a, e enviou-lhe um convite.
Propor-se a escrever uma história para uma coletânea, onde o lucro seria
revertido a favor da DGS, ou seja, Direção Geral de Saúde. Ela aceitou
imediatamente, porque, para alem de gostar de escrever, era uma ação que fazia
sentido, para o período que estamos a viver!
Com todas as escolas fechadas e as grandes
superfícies, também, eramos obrigados a ficar em casa. Ninguém podia sair! As
nossas deslocações só podiam ser em caso de urgência… Toda a gente deveria
cumprir um estado de isolamento social, ou melhor, a quarentena estava aí!
Devo dizer que para mim, essa situação não
era, muito, diferente, daquela que estava habituada a viver, presa a uma
cadeira de rodas, e não apenas por uma época! Nesta altura e, com uma grande
diferença.
Estávamos
no pico da pandemia e, era como uma terceira guerra mundial. Passado uns dias, chegou a Páscoa! Sendo uma
data familiar e importante, mas Barbara, só pensava que Deus estava em todo o
lado. Ele observa-nos, atentamente, e contempla-nos para verificar se
continuamos a cometer as mesmas falhas, erros ou falhanços. Depois de rezar, um
pouco, ela pensou em oferecer, a Deus, todo o seu sofrimento, para que ele
ajudasse, o mundo, a superar esta epidemia
No
entanto e, refletindo sobre todo este assunto chegou à conclusão que estavam na
hora de nos emendarmos! Pouco depois disse este poemas e oração.
Meu
Deus
Enquanto
o meu “eu” se embala no Teu silencio
Aconchego
em Ti a minha fé e esperança
Sem
Te ver sinto que estas sempre comigo
E
fico assim, envolvida de lembranças.
Meu
Deus…
Sinto-Te
em mim, mas sem o teu abraço
Vejo-Te
na luz do luar, que resplandece,
No
fundo do túnel vazio, que aparece
Na
brisa que me acaricia os cabelos,
No
suave brilho que me enlouquece
E
nas nuvens branquinhas que enlaço.
Meu
Deus…
Tu
és as águas que correm…
O
vento que grita e a chuva que dança…
Nesses dias, em que estávamos em estado de
emergência, ou seja, no pico da epidemia, houve dois casos de urgência que
tiveram que se deslocar ao hospital, pelas mais variadas razões! Tiveram que
ficar uns dias internados, no hospital e, quando regressaram foram obrigados a
permanecer em isolamento, por um curto período, para o bem de todos. Os dias
iam passando e os sintomas não apareciam!
Quando o país entrou em estado de
confinamento social, nós por aqui ficamos bem mais aliviados. Foi como se
levássemos uma lufada de ar fresco em pleno Verão!
Algumas pessoas pensavam que tudo voltava
à normalidade, mas por em quanto, todo o cuidado era pouco. Todas as medidas de
segurança e de distanciamento social eram para continuar a manter! Esta fora
uma das recomendações feita pelas autoridades. Isto porque, infelizmente, ainda
existiam pessoas que eram contagiadas e, assim, padeciam por causa desse vírus!
Foi assim que,
alguns, trabalhadores regressaram ao emprego. Os outros, preferiram
continuar isolados, por mais algum tempo. As máscaras de proteção continuavam a
ser obrigatórias, até quando? Ninguém saberia dizer…
Quando chegamos ao treze de maio, por
incrível que pareça, o santuário de NOSSA SENHORA DE FATIMA estava vazio, ou
melhor, apenas alguns dos guardas do santuário e sacerdotes oravam. Muitas
poucas pessoas tiveram permissão de entrar no recinto. Além do mais chovia
imenso o que vinha destacar ainda mais esta condição. Ela dizia-se que, como
chovia eram as lagrimas sagradas de Nossa Senhora, ela vertia-as por nós, para
nos convertermos.
Como tínhamos entrado no estado de
calamidade, há poucos dias, continuávamos a ter cuidados redobrados, sendo unicamente
possível assistir as celebrações religiosas pela televisão ou pela internet!
Sem peregrinos presentes, estas foram as medidas de segurança tomadas pelos
superiores. Apesar disso, eles, estavam todos presentes, mas de coração…
Na noite anterior, tinha sido a procissão
das velas, a que Barbara, sem ser costume, decidiu acompanhar pela televisão.
Queria apenas contemplar melhor a imagem da nossa querida mãe! O enorme vazio,
do recinto, estava preenchido, pelas várias velas colocadas e espalhadas pelo
mesmo. O silêncio preenchia as luzes das velas, que brilhavam na escuridão da
noite e, as orações do terço, nas várias línguas, como era costume, eram
ouvidas e alegravam a noite…
Barbara perguntava-se, constantemente, se Deus existia, porque é que isto
estava a acontecer? Tantas desgraças sem respostas alguma? Depois dizia-se que
Nossa Senhora estava triste connosco, claro que sim, por essa razão estava a
chover. Estaria descontente com a nossa atitude? Só podia ser! Depois dizia
para si própria, se precisar de mais almas que leve também, a minha! Porque o
seu corpo estava a ser preciso, para assim, investigarem sobre a sua doença.
Dizia ela constantemente. “Já que não foi útil em vida, que o seja na morte”! Assim,
escreveu este poema:
Maldita
doença!
Que se
entranhou em mim
E me
invade fisicamente
Deixando-me
numa prisão
Ficando
só livre em mente
Não me
obrigas a viver assim
Maldita doença, maldita, coisa
ruim
Quero matar-te a ti, antes que me
mates a mim.
No dia dezanove de maio, o estado
de calamidade continuava, mas a situação do país estava a melhorar, lentamente.
Depois de dois meses de confinamento algumas escolas, restaurantes e comércio
começavam a reabrir!
Apesar de ainda estarmos longe de voltar à
normalidade, algo bastante desejado por muitas pessoas, era necessário e
urgente equilibrarmos o orçamento. Porque o contacto com este vírus, arruinou a
nossa economia.
“Parabéns afilhada!” – Ouviu ela alguém
dizer. Deparou-se com a pessoa que fora sua madrinha de crisma à, exatamente,
um ano. Ela era monitora na instituição e sempre esteve presente, ajudando-a a
realizar e alimentar o desejo de ser crismada. Esta ideia nasceu, pouco antes,
quando soube que o senhor bispo viria à freguesia, onde ela habitava, com o
objetivo de crismar algumas pessoas. Porque não aproveitar? Perguntou-se ela e,
assim chegou o dia de ser crismada! Foi uma experiência única, rica e
maravilhosa!
O facto de ser crismada não correspondia,
ao querer ou ser santa, como já tinha ouvido comentar, era bom, se fosse assim,
ou se calhar não, ficou sem poder dizer algo que nunca foi. Talvez o sentir-me
abençoada e mais próxima de Deus. Isso talvez…
Vou esperar
Vou gravar a Tua
imagem
No filme que não tem
fim
Para Te levar na
viagem
Que existe dentro de
mim
Como eu quero abraçar-Te
Bem juntinho ao
coração
Segredar-Te bem baixinho
Toda a minha emoção
TU ES TUDO