terça-feira, 25 de julho de 2017

O PERFEITO DO IMPEDRFEITO





Como prometido aqui fica mais uma parte do meu livro

                          Pensamento voador

       As férias de Verão regressaram e Frederica aceitou ir, mais uma vez para casa da sua irmã Júlia. Para assim aliviar um pouco a sua mãe e o seu pensamento. A sua irmã estava grávida de quase cinco meses e assim juntava o útil ao agradável.
Uma tarde, ao regressar da habitual consulta de planeamento familiar, Júlia entrou em casa com o rosto banhado numa completa tristeza, as lágrimas brotavam-lhe dos olhos. Ao vê-la assim, com a infelicidade bem visível no rosto, Frederica abordou-a, receando passar-se alguma coisa com o bebé.
- Que se passa? O bebé está bem?
- Sim, ele esta ótimo, por enquanto… - Disse ela com uma voz duvidosa.
- Então, o que se passa? Se dizes por enquanto, algo aconteceu… o que foi? – Insistiu.
- O médico! - Disse Júlia, entre soluços. Depois, puxou uma cadeira e, com algum custo, sentou-se. Primeiro olhou para a irmã que estava perplexa e expectante.
- Ele encontrou-me alguma coisa, eu vi no olhar dele, eu notei algo de anormal!
Frederica sem saber o que pensar, não disse nada e continuou a ouvi-la.
- Eu insisti e pedi-lhe para ele me dizer alguma coisa mais, eu precisava saber, mas ele só me disse para ter calma. Achas que eu poderia ter calma? - Indignada, continuou o seu relatório.
- Eu imagino o que possa ser e tenho tanto medo… só de pensar nisso fico desesperada. Mandou-me ir lá novamente amanhã, acompanhada pelo meu marido - o Zé - para conversarmos melhor.
Júlia tentou sorrir, mas o seu rosto continuava murcho, tal e qual um dia nublado, onde o sol queria espreitar, mas as nuvens escuras sobressaiam.
- Não vai ser nada, tu vais ver! Os enganos acontecem, não fiques assim! - Disse-lhe Frederica, tentando acalmá-la, quando nem ela própria estava tranquila.
- Pois… falar é tão fácil. Tenho medo sim!
  Júlia, depois de olhar para a sua irmã e com lágrimas nos olhos, ficou mais pensativa e continuou:
- Sim acho que sei! Por isso tenho andado a fazer tantos exames! Confirmou ela.
- Tem calma por agora, sim? Amanhã logo saberás o resultado! - Respondeu Frederica, disfarçando o receio de qua a irmã estivesse certa.
- Que remédio! - Afirmou ela, respirando fundo.

O quarto de Frederica estava silencioso e banhado pela luz do luar, que entrava pela janela adentro e o iluminava, completamente. A noite estava quente e calma e ela olhava, ora para o vazio repleto de luar, ora para a lua que o oferecia à noite. De janela aberta, ela implorava a si mesma um sinal, como se alguém a ouvisse. Talvez o luar trouxesse algo de mágico e a aconselhasse em silêncio:
- Oh, não, não pode ser, Meu Deus, faz com que isto não passe de um engano! Não deixes que a mesma tragédia nos aconteça, logo às duas!
Frederica murmurava no silêncio da noite, ora orava ora implorava com os olhos cheios de lágrimas… mas a quem?... Talvez à calmaria da noite, talvez nela existisse alguém que a ouvisse. Permaneceu assim uns longos minutos, até que o sono a levou para um mundo melhor, ilusório e maravilhoso.  
Foi um sonho lindo, mas pequenino, pois dormiu pouco. Sonhou que passeava num jardim fascinante, com um bebé recém-nascido, nos braços. Frederica pensava que só poderia ser o bebé da irmã, como um sinal positivo do futuro que se aproximava.
No dia seguinte, logo pela manhã, Frederica e Júlia conversaram e Júlia contou-lhe a conversa que tivera com o marido, José. Apesar de tudo, ele fazia questão em acompanhá-la.
- Mas ele não foi trabalhar?
- Foi sim, mas só de manhã. Vem almoçar a casa e fica… para ir comigo!
- Ah, assim é melhor! - Comentou Frederica com um breve sorriso de satisfação.
- Pois… mas sabes que ele já tinha conversado com o médico sobre isso?
- Ai é? Não me digas! Então ele já sabia e não te dizia nada? - Perguntou Frederica admirada.
- Sim e não… ele sabia mas não pensou que pudesse ser algo tão grave. Já desconfiava do problema que se adivinha… Aliás eu também sei e imagino que tu também. Por essa razão tenho tanto medo! Será que esta maldita doença, nunca mais tem fim? - Perguntou ela, com os olhos cheios de lágrimas a quererem saltar.
E perguntava a quem? A ninguém especial ou a quem soubesse a resposta… mas não havia quem pudesse responder.
- Sim é verdade, depois de mim, quem atingirá mais? Acho que já chega!
- Achas, dizes bem! Eu também acho, mas não somos nós quem deve achar! Somos obrigados a aceitar o que o que nos está destinado.
- Infelizmente é mesmo assim!
Acabando de proferir essas palavras, olharam uma para a outra, pois os pensamentos delas complementavam-se. De seguida Júlia olhou para o tapete do chão com desenhos coloridos e endireitou-o com o pé, dizendo:
- Amanhã tenho que por este tapete a lavar na máquina, espero que não debote, são cores tão vivas, mas está mesmo a precisar!
Assim, mudaram de assunto e acabaram de descascar as batatas, para prepararem a maravilhosa caldeirada, para o saboroso almoço.

Depois de terem acabado de degustar a apetitosa refeição, Frederica levantou a mesa e lavou a loiça usada. Depois de ter arrumado a cozinha e enquanto preparava calmamente um café, sentou-se à mesa para o beber. A sua irmã e cunhado tinham acabado de sair, deixando Frederica a sós com seus pensamentos.
Ainda baloiçavam no ar as palavras duvidosas de Júlia em relação ao bebé
- O Doutor Ribas, sabe muito bem o quanto eu evitava engravidar, justamente por essa mesma razão, a que me deixa tão receosa. Mas aconteceu, pronto, agora não vou interromper esta gravidez, pois sou contra o aborto!
- Eu sei, deixa lá que eu penso igual a ti, e depois será o que Deus quiser, não achas? Será o bebé mais amado do planeta! - Comentou José, sorrindo de tão orgulhoso, enquanto acariciava a barriga da mulher, da qual o volume já era bem visível.
- Sim, será o nosso príncipe! De nada adianta falarmos deste assunto! Vamos é ouvir o que o senhor doutor tem para nos dizer!
- Sim, tem que ser!
Passados poucos segundos, Frederica abanou a cabeça, como se quisesse mandar embora os maus pensamentos. Não era nada agradável pensar na futura tragédia, aquela que seria inevitável não pensar. Uma tragédia que chegara, como sempre, sem avisar.
Levantou-se devagar e saiu a porta de casa, a mesma que dava acesso à cozinha. O pequeno jardim que enfeitava a entrada continuava ressequido, pois era o que esse tempo provocava. Frederica escolheu o lado mais escondido, onde a sombra já aparecia, e sentou-se.
Sentiu-se um pouco cansada e com uma tontura que, rapidamente aliviou. Isto só a fez pensar que seria por causa do calor, pois o tempo continuava abafado e quente, sem uma única brisa a passear, uma típica tarde de finais de julho.
 Sentada na confortável cadeira de baloiço, a única que ali se encontrava e acolhia quem a procurasse, Frederica respirou fundo e levantou o olhar, quando viu alguns belos, cachos de uva espreitando por baixo da latada que ali existia. Abriu um livro de poesia que trazia na mão e tentou fixar-se num poema de amor.
Depois de tentar abstrair-se nalgumas belas frases mais românticas, não conseguiu. O seu pensamento viajava e levava consigo o seu coração, ou melhor, os seus mais puros sentimentos. Aqueles que arrastavam as boas lembranças da pessoa amada e do dia em que se entregara a ele de corpo e alma. Pensava nos momentos de puro romantismo quando se amavam, no meio das vinhas. Esses tinham sido os dias mais apaixonados e românticos que vivera até então.

Deu asas a algumas recordações que passeavam na sua memória e concentrou-se nos dias que viriam dali para a frente. Aqueles que seriam muito piores e mais amargos. Temia o seu futuro daqui em diante e o de Júlia, confusa e amedrontada.
          Frederica sentia muito receio pelo seu amanhã, embora evitasse pensar nisso, o que era cada vez mais difícil. Não existia cura para aquela doença esquisita, que já estava impregnada nela e ia progredindo, pouco a pouco. Recorda-se, como se fosse hoje, do discurso do médico que a seguia:
        - Trata-se de uma doença rara e, infelizmente, ela afeta algumas famílias! - Dissera-lhe ele, calmamente, com o olhar muito sério e preso numa fotografia que estava à sua frente, em cima da secretária. Tratava-se da fotografia de uma criança, que devia ser sua filha e teria cerca de dois anos. Era dona de um sorriso encantador.
      - Como assim? - Perguntou Frederica.
      - É uma doença genética e hereditária, quer dizer que está nos genes de cada familiar e que a mesma que pode ser ou não transmitida de geração em geração.
     - Não posso acreditar, mas… para além de ter sido só agora detetada, não conheço nem me lembro, sequer, de ninguém na minha família com algo igual ou parecido!
       O médico olhou para a mãe de Frederica e com uma expressão, mais séria, continuou...
       - Pois… mas o problema, pode vir também da família do seu marido! Como irmãos, tios, primos, ou mesmo avós dele, ou até dos seus antepassados!  Esta ou outras doenças parecidas podem ser hereditárias, até à sétima geração.
       - Sim, compreendo. - Respondeu dona Augusta. Depois de suspirar e respirar fundo, levantou o olhar, com uma expressão de deceção e tristeza.
        - Devo desde já informá-la que se trata de uma doença neuro degenerativa que vai evoluindo, ou seja, piorando, muito lentamente. Vai precisar de ter muita calma e muita força, para conseguir acompanhá-la. Sei que vai ser difícil superar todas estas etapas, mas vai ter que lidar com isso. – Dissera o médico ao olhar para Frederica e para a mãe dela, que tinham os olhos banhados em lágrimas.
        - Parece que estou no meio de um pesadelo, sem saber a origem… - Lamentava-se, dona Augusta, a mãe de Frederica.
        - Tenham calma, sim? Sabem que a ciência tem vindo a progredir imenso nesse aspeto… por essa mesma razão, é importante que mantenham a fé e a esperança.
       Quando Frederica lhe dirigiu novamente um olhar de súplica, ele afirmou-lhe:
        - Poderá existir uma solução, sim! Vamos fazer todos os possíveis, para que isso não seja em vão e vamos aguardando com paciência, sim? - Acabando de proferir estas palavras, ele olhou-a com um ar de quem coloca uma questão que quer ver respondida de forma afirmativa. O mesmo rosto, que estivera cheio de preocupação, sorriu-lhe com mais confiança!
        Frederica recordava-se, perfeitamente, das palavras que lhe tinham sido dirigidas, alguns meses antes. Mas ela continuava com bastante receio de que mais alguém daquela família viesse a ouvir aquelas frases, novamente.
        - Mas que rica herança nos deixaram os nossos antepassados… realmente… com certeza que desconheciam este problema! - Afirmava ela, com as lágrimas a quererem inundar os olhos, que permaneciam fechados.
        - Porquê eu, meu Deus? Será que mereço isto? Por que motivo me dás este castigo? – Perguntava-se tantas vezes, talvez ao acaso ou ao vazio, mas nunca obtinha resposta. Abriu os olhos e olhou em frente, para o outro lado da rua, quando um barulho lhe chamou a atenção.
        Reparou que uma carrinha amarelada tinha acabado de estacionar em frente a uma vivenda desabitada. Depois de olhar uma segunda vez, com mais atenção, ela reparou melhor, e viu que se tratava de uma carrinha de mudanças.
- Deve pertencer a alguém que mora por aqui, ou nesta rua. - Pensou.
Viu dois homens vestidos com fatos-macaco em tons de castanho que acabavam de sair da vivenda azul e se dirigiram para a carrinha. Abriram as portas da parte de trás, da bagageira, o que lhe despertara a curiosidade. Reparou mais atentamente, quando viu que eles transportavam alguns móveis para dentro da casa.
- Mais um novo vizinho, ou velho… - Pensou ela, rindo-se sozinha. Quando de repente, Frederica viu um homem, muito charmoso e elegante, que parou na entrada. Logo o seu interesse despertou.
- Hum… mas que “borracho”, quem será esta vitamina para os olhos? Será o novo vizinho? Não, não pode ser. E se for, de certeza que vem aí mulher… acho que não iam deixar andar por aí sozinho um pão como este! Podiam comê-lo… e depois? - Perguntava-se ela, enquanto sorria para si mesma, e respondia ao continuar com o comentário, em pensamentos.
Ele era alto, cabelo escuro, liso e bem curtinho. O que mais lhe chamou a atenção, para além do olhar lindo e meigo do qual não conseguia determinar a cor devido à distância que os separava, foi a maneira de vestir: um elegante fato e uma gravata azul-escura e camisa azul-clara.
  Depois de o contemplar melhor, por mais alguns breves segundos, dirigiu-lhe um olhar e um sorriso e entrou novamente na casa azul, onde continuou a falar consigo própria.
- Seria para mim aquele lindo sorriso? Não acredito, ele não me conseguia ver dali! Deve pertencer à empresa de mudanças… ou será ele o chefe? E se fosse...? Que maravilha receber assim um belo sorriso do homem de azul, da casa azul. Deve ser alguém que tem algum cargo importante! - Dizia-se ela, suspirando, quando ao mesmo tempo, desviou o olhar e tentou concentrar-se num poema de amor. O seu pensamento continuava a voar… talvez o que acabara de presenciar fosse o impossível…
Depois de fechar o livro, fechou também os olhos e recostou-se por breves minutos, enquanto esperava pela irmã. Quando os voltou a abrir, depois de ter passado pelas brasas, já não ouviu mais nenhum barulho. Olhou para o outro lado da rua, só para satisfazer a curiosidade. Como não viu mais a carrinha, nem nenhuma das pessoas que tinha visto junto à casa, concordou com o que tinha pensado. Talvez fosse alguém de visita, ou mesmo alguém que tinha feito uma pausa no trabalho.
      

domingo, 23 de julho de 2017

O PERFEITO DO IMPERFEITO

MEUS AMIGOS AQUI DEIXO MAIS UMA PARTE BEM APETITOSA DO MEU LIVRO...
CASO ESTEJAM INTERESSADOS EM ADQUIRIR-LO COM A MINHA ASSINATURA DIGAM-ME QUE EU ENVIO.
https://www.chiadoeditora.com/livraria/o-perfeito-do-imperfeito-vol-ii-a-outra-face

quinta-feira, 20 de julho de 2017

POEMA MEU

DEIXO AQUI DOIS POEMAS DA MINHA AUTORIA, QUE PROVÊEM DESTE MEU LIVRO
  https://www.chiadoeditora.com/livraria/nas-asas-da-poesia

VEM...


Vem… vou falar-te baixinho
Quero ouvir a tua voz em mim
Onde o silêncio da noite
Nos chama com voz de cetim…

Vem… vou beber os teus gestos
Mastigar a tua voz lentamente
Sentir o teu perfume no ar
Com tudo o que a gente sente

Vem… vou fazer-te sentir
A força do meu sentimento
Passear-te a pele com os dedos
E contar-te os meus segredos

Vem… vou ser o que queres
Fazer todas as tuas loucuras
Vezes e vezes sem fim
Para ter dentro de mim
A certeza que não procuras
Outro amor, outras mulheres…


Fredy 2013




VAI...


Vai… sei que ficarás sem norte
E espero que encontres a sorte
Que nos deixou esperar em vão
E quase nos destruiu o coração

Vai… eu não estarei mais aqui
Quando te lembrares de mim
E decidires que sou p’ra ti
Como uma esperança sem fim!

Vai… mas nunca te esqueças
Que eu fui e sou somente tua
E mantenho as mil promessas
Que fizemos à noite sob lua!

Vai… acabaram-se as loucuras
Vê se encontras o que procuras
Na busca dos teus prazeres
Nos corpos de outras iguais
Mas sem nunca te esqueceres
Que um dia te amei demais...




Fredy 2013



sexta-feira, 14 de julho de 2017

O PERFEITO DO IMPERFEITO

Meus amigos, aqui deixo mais uma  parte do meu livro, espero que gostem...

Frederica e Miguel, após ficarem sozinhos, olharam-se e sorriram, mais descontraidamente, invadidos de paixão e carinho. Frederica quebrou o silêncio e disse:
- Vamos ver quem encontra o próximo cacho de uvas…
- Sou eu, claro! - Disse  Miguel, rindo-se para as videiras, do outro lado.  
- Querias! - Disse-lhe Frederica, retribuindo-lhe o sorriso e, ao mesmo tempo, olhando também para o mesmo lado onde espreitava um belo cacho.
Frederica, quando acelerou o passo para ser a primeira a alcançá-lo… tropeçou na terra seca e quase caiu nos braços de Miguel.
Abraçados e a olharem-se tão próximos, a paixão começou a incendiá-los e deixaram-na seguir. Os seus lábios aproximarem-se e beijarem-se, suavemente.
- Como adoro esse teu sabor! - Murmurou ele, sentando-se com ela no chão, em cima de algumas folhas, quase secas, mas continuando a explorar-lhe a boca.
- Oh claro, este sabor doce, o sabor a uvas, não é? Pois tenho comido bastantes! - Respondeu ela com um ar bem brincalhão.
- Pois sim, esse também é bom, mas prefiro de uma outra maneira! - Comentou Miguel ao retribuir-lhe o sorriso.
Esticando o braço, ele apanhou dois apetitosos bagos de uva de um cacho que estava mesmo ao seu lado. Pousou-lhe um nos lábios e trincou o outro, dizendo:
- Prefiro assim, isto faz uma mistura ótima, ora prova, não queres? - Perguntou ele, sem lhe dar a oportunidade de responder. Apenas a de aceitar os seus lábios molhados, sua boca, e depois a sua língua, enquanto a sua mão lhe acariciava a pele nua da cocha.
Frederica sentia-se maravilhosamente bem nesses instantes apaixonados… eram momentos que ficariam para toda a vida, pela inocência que e doçura de que se revestiam.
Frederica sentiu a mão dele a acariciá-la lentamente e deixava-a seguir o seu caminho pela anca acima ate aos seios já rijos pelo seu toque. Ao mesmo tempo deliciava-se com as carícias e o contacto do seu corpo todo. O delicioso gosto do prazer provocava-lhe arrepios que ela já não conseguia descrever. Frederica encantava-se com a sensação dos seus corpos seminus tateando um no outro… E queriam mais…
- Oh, desejo-te tanto! - Sussurrava Miguel, entre beijos e deitando-se sobre ela.
Frederica tentou responder, mas só os gemidos se ouviam, pois seus corpos falavam em silêncio. Só o desejo e o prazer cresciam, pouco a pouco, nesse espaço. Miguel deixava esses sentimentos invadi-los.

O sol já estava a desaparecer, a terra a ficar gelada e húmida. Frederica, depois de abotoar a blusa de xadrez, olhou para o relógio que trazia no pulso e disse:
- Já...? Como o tempo voa quando estamos bem! Tenho que ir, faz-se tarde e a minha mãe já deve estar preocupada.
- Sim, eu também vou! - Disse Miguel ao levantar-se e compondo as calças.
A seguir esticou-lhe a mão para a ajudar a levantar-se e ela aproveitou para o abraçar pela cintura e lhe sussurrar ao ouvido:
- Foram momentos maravilhosos e únicos, só nossos, que recordarei para sempre, amo-te!
- Eu também te amo, hoje deste-te a mim pela primeira vez e adorei… Sentiste dor?
- Um pouco, mas é normal… foi a primeira vez! Depois sentimos a recompensa. - Respondeu ela, sorrindo e serrando-lhe ainda mais a cintura!
        - Ah, assim gosto mais! Foi a primeira vez, mas muitas mais virão ainda. - Disse ele, retribuindo-lhe o sorriso e beijando-a, novamente.
Caminharam muito abraçados enquanto dividiram promessas de amor eterno, como era típico daquelas idades. Quando chegaram perto da casa dela, ela afastou-se e disse-lhe:
- Bom, até amanhã então, eu vou primeiro, pode ser? Só para não desconfiarem!
Miguel olhou-a com um sorriso apaixonado e acenou-lhe com a cabeça.
- Até amanhã! - Respondeu ele, muito baixo e mandando-lhe um beijo silencioso.

Foram dias de puro romantismo, pois cada vez que se encontravam a sós, a paixão e o amor estavam presentes e era lindo. Podiam explorar os seus corpos e assim aperfeiçoarem o amor que os unia.
Mas Miguel, quando estava acompanhado, agia de forma diferente. Não lhe ligava e fazia como se não a conhecesse, sem lhe dar muita importância. Essa atitude magoava-a bastante e deixava-a triste. Fazia pensar ainda mais no seu problema de saúde, desencadeando-lhe sentimentos pessimistas e deixando-a mais insegura e fracassada.
 Frederica julgara que ele notara o seu problema de saúde… só podia ser isso, pois o seu desequilíbrio intimidava-a cada vez mais.
Quando completou os dezoito anos, foi uma vez mais surpreendida pela mesma traição, apesar da expectativa de que Miguel assumisse ou desse a conhecer o namoro perante os restantes familiares. Frederica enganou-se na espera de mais um momento magicamente feliz, mas apenas imaginado por ela.
Miguel encontrava sempre desculpas esfarrapadas e sem sentido. Mas Frederica desculpava-o, pois estava apaixonada, de uma tal forma que essa paixão a impedia de ter outros pensamentos ou sentimentos.
- Seria mesmo essa a razão? Só porque sentia vergonha dela? Não seria o amor, o principal? Ou porque estava receoso de assumir tal compromisso? - Interrogava-se Frederica, sempre com a mesma dúvida. Claro… só podia ser essa a razão, embora ele gostasse dela, não era o suficiente para o assumir perante os outros. Por vezes, Frederica acreditava que ainda eram jovens e teriam muito tempo para aprenderem a amar. Mas outras vezes sentia contrário: pensava que a justificação se encontrava no seu problema de saúde, refletido no seu andar. Se fosse essa a razão, ela sentia-se muito injustiçada perante a vida, o destino ou mesmo o amor.
 Frederica pressentia esse amor, ou talvez sentisse que seria ela quem nutria o amor suficiente para os dois. Mas não queria acreditar nessa realidade. Confusa, já não sabia o que pensar. Então, interrogava-se a si própria. Embora receosa, e com bastante medo, algo que nunca a largava, Frederica convencia-se a esperar com paciência, pois a altura certa havia de chegar.
- Se para tudo há um tempo, por que não esperar? Talvez antes de completar os dezanove anos, dizia-se ela…
Mas, nem aos vinte!...