DEIXO AQUI, A ULIMA PARTE DO MEU LIVRO, O QUAL VOLTAREI A PUBLICAR BREVEMENTE
Presentemente, Francisca encontrava-se no hospital para futuros testes e
diagnósticos, o que deixava Filipa optimista, porque sendo a doença da amiga
parecida à sua, por essa razão, as hipóteses de melhorias eram maiores.
Recorda-se
com saudade, da última parodia, em que as três amigas se reuniram. Francisca
encontrava-se ausente há exactamente oito dias, e as saudades já apertavam.
-Se
ganhasse na lotaria, ia dar a volta ao mundo, num cruzeiro… -Dizia Helena.
- Eu…
fazia todos os possíveis para alcançar uma cura para a minha doença… ou pelo
menos parar com esta evolução. Dizia Francisca.
- Depende
do que saísse, se chegasse para isso tudo, comprava inclusivamente, uma casa
com todas as condições necessárias a uma pessoa de cadeira de rodas… E claro
não podia faltar um bom borracho, bom em todos os sentidos…
- Deixa lá
que se ganhasses uns bons milhões, homens não te faltavam… tinhas escolha… para
todos os gostos… embora eu ache que as aparências enganam.
- Eu também acho que o que conta é a
qualidade e não a quantidade! Dizia Francisca…
- E eu não
sei?! Por vezes, aquele que parece não é, e aquilo que na realidade é não
parece. Mas, não acham que estamos a sonhar alto demais?...
Claro que
era verdade, mas também era certo que era uma enorme ajuda para a coloração das
poucas fantasias.
Nessa
noite custou-lhe a pegar no sono, algo que lhe acontecia por diversas vezes.
Mas quando conseguiu, teve o sonho mais belo que alguma vez imaginara.
Filipa
abriu lentamente os olhos, querendo algemar e saborear a maravilhosa recordação
repleta de serenidade, paz e doçura. Sentida tão nitidamente enquanto esse
sonho durou sendo ele demasiado lindo e breve.
Pouco a
pouco o sonho apagava-se, mas Filipa sabia que ficava exclusivamente a poeira
dessa maravilhosa lembrança que ela tentava a todo o custo preservar.
Fazia os possíveis para reavivar o conteúdo
desses brevíssimos instantes. Continha única e simplesmente um rosto, que
sorrindo para ela transmitia-lhe todo o amor adormecido. Filipa só desejava
poder abraçar essa imagem e permanecer assim eternamente.
Foi o sonho mais autêntico que Filipa já
viveu, sendo ele demasiado simples. Mas que armazenava demasiada importância.
Com a única particularidade de ser o rosto da pessoa que ela tanto amara um dia,
o Paulo.
Estava
assim guardado, colado e repartido entre a sua memória e o seu coração, como
quem retém o mapa de um tesouro e se recusa a revelar o seu paradeiro.
De corpo e
alma habitava ali, permanecia meio escondido no recanto da sua consciência
recusando-se desfalecer sorrindo para ela, só e carinhosamente para ela.
Com uma expressão que só ele irradiava.
Repleta de raios de felicidade iluminando os recantos mais sombrios existentes
no fundo do seu ser.
Foi a primeira vez que Filipa
teve o privilégio dessa sensação maravilhosa. Um sonho com Paulo, não foi o
único sonho que o incluía, mas foi o primeiro demasiado real, repleto de
emoções encantadoras e fiéis, exactamente como se ainda existisse.
Foi o sonho mais lindo, e mais
pequenino, repleto de amor e garantia que somente ele sabia oferecer-lhe, e
transmitia-lhe a mesma segurança de sempre. De que o amor existente por ela
continuava precisamente igual ao que sempre foi.
Dava-lhe a certeza de ser premiada
pela brisa de carinho que saia dos seus olhos e penetrava dentro de Filipa,
inundando-a completamente e fazendo-a transbordar de alegria e felicidade.
Deixou-se ficar deitada, com os
olhos fechados, a saborear os restos desse sonho, e pensou:
Será um sinal, que Paulo me
quis transmitir?
Lembra-se
das palavras ditas por uma cigana que lhe quis ler a sina. Como esse episodio
já tinha uns bons anos, na altura fazia pouco sentido, mas agora fazia-o
totalmente:
-“Tu és como
uma gota de orvalho, na pétala de uma rosa campestre, forte mas delicada ao
mesmo tempo! – Ela achou aquelas belas palavras cheias de encanto e sorriu, mas
o medo apoderou-se dela quando ela continuou: -vais padecer de uma doença, a
qual te trará vários problemas, mas sairás vencedora.