sábado, 27 de junho de 2020

UMA HISTÓRIA

              SERÁ MILAGRE????


    Barbara, como se chamava, tinha quase cinquenta e cinco anos de idade e não tinha família próxima! Embora tendo mais quatro irmãos, presentemente, viviam afastados, uns dos outros, pois, cada um tinha a sua própria vida e família! Nasceu e viveu a sua criancice, numa aldeia de Trás-os-Montes. Aldeia essa que a deixou orgulhosa e, que ela escreveu este poema!
              Na terra onde nasci e, da aldeia de onde vim
  Existem riachos de água pura
Onde saciávamos a secura
Dessas tardes de loucura,
N’uma frescura sem fim…
Antigamente, era nessa terra
Que existiam rios e fontes
Onde lavávamos a roupa
Que secava entre os montes
Vi os dias e anos passarem
E as vidas a mudarem
 Depois, a minha aldeia ficou
Abandonada pelo tempo
E acarinha no pensamento
Que a esperança deixou
E a vontade alcançou
De voltar aquela aldeia
E dançar ao luar, das estrelas a brilhar
E eu era feliz por lá estar…

      Actualmente, ela vivia numa instituição que acolhia pessoas com Multi-deficiência e, tentava viver o melhor possível! Com os vários confrontos mentais e desacordos, tornava-se complicado, sobretudo, para alguém que estava a sofrer de uma doença degenerativa e progressiva, que a prendia a uma cadeira de rodas, há quase três décadas, doença essa que a fazia sentir horrivelmente mal!
    Estaria preparada para lidar com essa diferença?
     Na altura em que lhe foi diagnosticado esse problema, ela estava na sua plena adolescência, rondava os dezasseis anos e, sentia-se feliz, simplesmente por estar viva, correr livremente e dançar, descalça debaixo dos chuviscos de Verão. Era lindo! Nesses tempos, nem sequer pensava em namorar, pois era última coisa de que ela precisava, embora houvesse, certos, colegas e amigos, interessados na mesma…
     Pouco tempo depois foi atacada pela doença onde, pouco a pouco, viu tudo á sua volta a desmoronar-se, a sua vida ficava mais pesada em todos os sentidos e emoções. Ela chamava-lhe doença malvada…
    Foi muito difícil, complicado e doloroso, pois estava a viver uma juventude, onde esta doença não fazia falta nenhuma, mas percebia que mais ninguém a desejaria, mas ela, estava na obrigação de a viver, porque era sua!
     Foi no final do segundo mês do ano de 2020, que se ouviu um comentário, infelizmente já esperado e que, assombrava os nossos sentimentos. Este abrangia uma nova doença, sendo comandada por um vírus, a COVID 19, ou seja, coronavirus, acabada de descobrir numa cidade da China.
    Sendo um vírus muito contagioso e perigoso, essa infecção já estava a contaminar os habitantes dessa cidade, contagiando-se uns aos outros, sem se aperceberem. Ele vinha-se a alastrando, por outras cidades e depois países, com milhares de mortes e infestados, mas o mais grave de tudo, este vírus era totalmente, invisível!
   Quando, no princípio do mês de março, surgiu o primeiro caso positivo de COVID 19 no nosso país, todos os nossos alarmes dispararam, cuidadosamente. Esta nova doença chegava pelas “mãos” de um imigrante. Seria mesmo?
     Muitas vezes, este vírus levava as pessoas ás portas da morte, onde a maioria delas eram empurrados para o abismo! Seria como uma gripe, mas mais severa, ainda? Talvez, mais facilmente transmissível, e que atacava, principalmente, as vias respiratórias e, pouco a pouco, avançava atacando outros órgãos.
     Parecia uma arma invisível, pronta a disparar, contra tudo e todos! 
  
    Barbara questionava-se, como é que conseguiam deteta e ter a certeza se era um vírus invisível? Perguntava-se, também, como e onde estaria neste momento? Depois dizia-se que, nesta altura, as notícias relatavam que já existiam várias medidas, de saúde, para o conseguir detetar…
    Nós, aqui nesta casa, estávamos a salvo? Preparávamo-nos para evitar algo pior, será mesmo? Desse modo evitávamos receber qualquer tipo de visitas, ou fazer deslocações desnecessárias, isto é, consultas não urgentes! Como o vírus era invisível, era nos hospitais, principalmente, que ele estaria mais ativo. Isto pensava a Barbara.
    Sendo um local, onde trabalhavam perto de duzentas pessoas, e residiam mais de cem utentes e, alguns, mais frágeis, sendo uma óptima razão, para nos resguardarmos, ao máximo! Sim, porque se todas as pessoas fizessem o que era devido, tudo seria melhor!
    Na semana seguinte, chegara ao país uma notícia muito temida, mas infelizmente esperada, a que anunciava os oito primeiros casos de falecimento, no país por essa tragédia. Eram também
confirmados dezenas de novos casos de infecções, onde centenas estavam nos cuidados intensivos!

    Quando a suspeita de um caso aqui chegou, o primeiro sentimento, foi de pavor, ficamos todos com imenso medo, porque a pandemia poderia ter chegado às nossas vidas! O medo assombrava o nosso dia-a-dia!
    Alguns dias depois foi um alívio total, a pessoa em causa fizera o teste, e o resultado foi negativo, era apenas uma simples constipação! Mesmo assim, ficou em estado de isolamento social ou de quarentena. Porque se todos somos diferentes, todos somos igualmente humanos, onde o cuidado é obrigatório!
    A epidemia mais severa e perigosa, até agora, registada e vista em todo mundo, tinha chegado. Era como uma nodoa que se ia alastrando sem nos apercebermos e, que contagiava quem se atravessasse no caminho. Sem importar quem, rico ou pobre, preto ou branco era indiferente, pois nada nem ninguém o podia deter.

CONTINUA...