terça-feira, 28 de abril de 2015

PARA TI.....

Dia da mãe…


São saudades adormecidas

Das lembranças de outrora

Como sentimentos felizes

Alegrando momentos d’agora


Minha adorada mãezinha

Minha mãezinha amada

Minha juventude querida

Minha criancice mimada


Minha mãe inesquecível

Te relembro com emoção

O tempo que nos separou

Ficou no meu coração

As lembranças carinhosas

Relembrei enquanto crescia

Depois os anos passaram

E eu fui mãe um dia!
                                     
                                           FREDY 2014
     


domingo, 26 de abril de 2015

O PERFEITO DO IMPERFEITO

AQUI VAI MAIS UMA PARTE DO MEU LIVRO, 


Essa felicidade durou rios meses, em que ela pode saborear e sentir o verdadeiro gosto de amar e ser amada. Sonhava de olhos abertos, cada vez que via alguma noiva ou vestido branco, imaginava como seria o seu próprio modelo, escolhido e feito por ela própria. Imaginava tamm que a sua futura casa seria mobilada e decorada por si, num sítio pouco movimentado onde um casal de filhos brincava, alegremente na relva do jardim, aparada e verdejante. Eram sonhos de onde se recusava sair

               
Mas não foi assim. Se tudo o que se vive tem um fim, para ela não houve exceção. O seu primeiro amor foi destruído tragicamente. Foi duplamente traída, por assim dizer, por ele e por uma amiga comum, de nome Paulina.
Num dia ao final da tarde, Francisca passeava pelo local onde ela e João se tinham conhecido uns meses antes. Um sítio onde, de vez em quando, passeavam juntos. Era um pequeno parque, lindo e meio deserto, com um lago no meio, onde nadavam patos, juntos e em família. Ela admirava o sol a ceder o lugar à lua, nos seus reflexos de sempre, de cor avermelhada e dourada. Assim, nascia o crepúsculo, uma beleza que durava apenas uns minutos e que ela adorava observar. As carícias do vento quente a anunciar o início da primavera, o chilrear dos pássaros, que se faziam anunciar,


 mas se escondiam nas folhagens que cresciam.
Quando ouviu uns pequenos sussurros, pensou espreitar mas teve receio do que poderia dali surgir. Deparou-se com dois seres muito entretidos... Ficou sem fala e pensou sair rapidamente dali, mas depois de olhar novamente e com mais atenção, viu o que nunca imaginou ver... Aquelas duas pessoas, que brincavam muito agarradinhas, uma com a outra, eram bem conhecidas…
- Não, não pode ser, não estou a ver bem! Dizia-lhe o seu pensamento. Depois, fixou melhor o olhar e soube que não estava enganada. O seu primeiro impulso foi mostrar o nojo e a raiva que a consumiam! O desespero feria a sensibilidade dos seus sentimentos mais viáveis que se enterravam, cada vez mais, no seu íntimo. Era o resultado da dor que procurava um encosto, no fundo da sua alma e do seu coração, despedaçando- os completamente.
Francisca desejava fazer-se anunciar, por isso sem pensar duas vezes, tentou manter a calma e, ao encher o peito de ar, disse:
-Boa noite! Importam-se de fazer um pouco menos de barulho? Pensei que alguém estivesse em dificuldades! Disparou ela, deixando-os sem fala, pois nada havia para dizer! Em seguida olharam mutuamente, comprometidos.


Recorda-se bem, dos rostos colados e do ar de admiração que tiveram ao serem descobertos naquele momento. Francisca relembra aquela triste lembrança, a que lhe turvou os sonhos da sua juventude.


A surpresa deixou-a desagradada e quase sem força para respirar, tal era a humilhação sentida, os desgostos e os sentimentos de raiva. Recusava-se acreditar no que os seus olhos acabavam de ver, sem querer abrigar aquelas imagens que ficariam guardadas, involuntariamente, e eram cada vez mais marcantes.
Despedaçada, juntou os restos da sua coragem e saiu dali. Conforme avançava, em dirão a casa,
as lágrimas rolavam-lhe pelo rosto. A cada passo
que dava em frente sentia-se cada vez mais vazia e inundada de sentimentos destruidores.
Pensou e repensou em tanta coisa e em nada ao mesmo tempo, enquanto prosseguia alheia a tudo. Como se fugisse de algo assustador avançava o mais depressa que podia. Seria obrigada a fazer coisas indesejáveis, o que era muito difícil, mas não teria outra escolha. Estava convencida a por um ponto final nas duas relações traiçoeiras.


Na manhã seguinte, quando se olhou ao espelho, viu a sua imagem refletida, pálida e triste, com os olhos inchados e cheios de olheiras. Havia neles, um brilho de angústia e desespero, que denunciavam bem o facto de ter passado a noite em claro e a chorar.
Paulina, sendo sua amiga e vizinha, sentiu-se na obrigação de uma atitude mais decente, mas  não  sabia  o  que  lhe  dizer,  nem explicar o que não tinha explicações. Somente desejava mostrar, não ser tão culpada nem cobarde como demonstrara, nesses momentos.
Assim que Paulina avistou Francisca, esta dirigiu-se imediatamente, ao seu encontro e tentou explicar o que era  inexplicável.  Francisca não reagiu e ficou muda e inativa, ficara apenas atenta


ao movimento, dos carros, na rua que se estendia à sua frente, sem pensar, exactamente, em nada e em tudo ao mesmo tempo. Estava decidida a por um ponto final nessas relações traidoras. Sabia tamm que para Paulina não era mais que uma aventura. Nada mais importante que as outras, do seu passado, lascivo. Pois sempre viveu em função da excessiva libertinagem, aproveitava- se dos homens que lhe surgissem, para saborear assim o sentido da palavra liberdade, pelo seu próprio critério. Vivia cada dia como se fosse o último e, por esse motivo, o seu primeiro impulso era o que verdadeiramente contava. Esse facto não a impedia de ter razão, pois a importância da palavra liberdade derivava exatamente de certos instantes momentâneos, esses ou outros.
Olharam uma para a outra, durante alguns segundos. Sem encontrar as palavras adequadas a essa situação, Francisca começou com a pergunta que tanto a consumia:
- Porq Paulina? Por que fizeste isto e justamente comigo? Depois tens a coragem de dizeres que és minha amiga? Divertes-te assim, passando por cima dos outros?
- Calma, vamos conversar, como amigas que ainda somos!
- O quê? Amigas como tu é preferível não as ter! Alguém que eu amava? Não é justo. Perguntou- lhe ela, com a desilusão à flor da pele e a raiva a transbordar. E sem dizer mais nada,  levantou o olhar e dirigiu-o a Paulina, e esperou que ela lhe respondesse:
-Desculpa, mas não queria que viesses  a saber dessa maneira. Talvez o meu maior defeito seja a franqueza da impulsividade. Primeiro porque sou e vou continuar a ser tua amiga, a menos que


não me queiras ver mais. Segundo, porque vais amar mais e melhor, tens vinte anos, és ainda muito jovem, e eu recuso-me a ver-te desperdiçar a tua juventude, com alguém que não merece o teu amor. E em terceiro ele queria conquistar-me e eu não resisti, foi o meu maior erro, mas se não fosse eu seria outra… isso eu posso garantir-te, ele não  te merece!
- Traíste-me, não te posso perdoar isso, nem a ti nem a ele. Não consigo dirigir palavra a nenhum dos dois, dói muito!
- Imagino, mas acredita que tudo se resolve e isso passa! Vais ver, pensa bem em tudo o que te disse... E desculpa mais uma veztenho pena que se tenha passado assim, se pudesse apagar tudo, acredita que o faria!
Francisca ouvia atentamente, tudo o que lhe era dito. Parecia até que era aconselhada a encarar a realidade, mas pela pessoa errada. Apesar de tudo, era algo que continha a sua razão.

Por muito que recusasse aceitar este desgosto, ou acreditar nesta decepção, Francisca sabia quem tinha razão. Paulina conhecia bem os homens e sabia o significado do egoísmo à sua maneira. Por muito magoada que estivesse e lhe custasse acreditar, feliz ou infelizmente assim aconteceu...