sábado, 27 de agosto de 2011

PURA VERDADE

LINDO!

Dona "Maria " é uma  senhora de 92 anos,  miúda, e tão elegante, que todo dia às 08 da  manhã ela já está toda  vestida, bem penteada e discretamente  maquiada, apesar de sua pouca visão.

E hoje ela se mudou para uma  casa de repouso: o marido,  com quem ela viveu 70 anos, morreu  recentemente, e não havia outra  solução.

Depois de esperar  pacientemente por duas horas na sala  de visitas, ela ainda deu um  lindo sorriso quando a atendente veio  dizer que seu quarto estava  pronto. Enquanto ela manobrava o andador em  direção ao elevador, dei  uma descrição do seu minúsculo quartinho,  inclusive das cortinas  floridas que enfeitavam a janela.

Ela me  interrompeu com o  entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um  filhote de  cachorrinho.

- Ah, eu adoro essas cortinas...
-  Dona  "Maria Jiló", a senhora ainda nem viu seu quarto... Espera um   pouco...
- Isto não tem nada a ver, ela respondeu, 
felicidade é  algo que você decide por  princípio. Se eu vou gostar ou não do meu  quarto, não  depende de  como a mobília vai estar arrumada...  Vai depender de como eu preparo  minha expectativa. 
E eu já decidi que vou adorar. É uma  decisão  que tomo todo dia quando acordo. 

Sabe, eu  posso  passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho  em  certas partes do meu corpo que não funcionam bem..
Ou posso   levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me  obedecem.  

- Simples assim?
- Nem tanto; isto é para  quem tem  autocontrole e todos podem aprender,  e exigiu de mim  um certo 'treino' pelos anos afora, mas é  bom saber que ainda posso  dirigir meus pensamentos e escolher, em  consequência, os  sentimentos.

Calmamente ela continuou: 

 
-  Cada dia é um presente, e  enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar  o novo dia, mas também  as lembranças alegres que eu guardei para esta  época da vida.   A velhice é como uma conta bancária: você só retira   aquilo que guardou. Então, meu  conselho para você é depositar um monte  de alegrias e felicidade na  sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada  por este  seu depósito no meu Banco de lembranças. Como você vê, eu ainda   continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a  vida,  sábio é quem a simplifica

Depois  me pediu para  anotar:
COMO MANTER-SE JOVEM

1.  Deixe fora os números  que não são essenciais. Isto inclui a idade,o  peso e a altura.
Deixe  que os médicos se preocupem com isso. 

2. Mantenha só os amigos   divertidos. Os depressivos puxam para baixo.   
(Lembre-se disto se for um desses depressivos!)

3.  Aprenda  sempre:
Aprenda mais sobre  computadores, artes, jardinagem, o que  quer que seja. Não deixe que  o cérebro se torne preguiçoso.

'Uma  mente preguiçosa  é a oficina do Alemão.' E o nome do Alemão é  Alzheimer! 

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

POEMA DE MINHA AUTORIA

PALAVAS

PODEM SÊR REDONDAS OU QUADRADAS, LARGAS OU ESTREITAS OU, ENTÃO, CURTAS OU COMPRIDAS, MAS SÃO UNICAMENTE PALAVRAS, ESCRITAS NUM BOCADO DE PAPEL OU DITAS DA BOCA PARA FORA…
PALAVRAS QUE POR VEZES DEMONSTRAM UM GRITO DE FELICIDADE OU ALGUMAS LAGRIMAS DE ABANDONO E DESESPERO, MUITAS VEZES MOSTRAM O SEU ESPIRITO VADIO OU FIXO, MAS TAMBEM O AMOR, OU A AMARGURA QUE AS PREENCHE…
PALAVRAS QUE POR VEZES SÃO DITAS AO ACASO, PALAVRAS QUE NORMALMENTE, SÃO AS EXPRESSÕES DOS SENTIMENTOS, SEJAM ELES BONS OU MAUS…
MUITAS VEZES O SILÊNCIO VENCE E VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS, OU ENTÃO, FALAMOS SÓ QUANDO AS PALAVRAS VALEM MAIS QUE O, PRÓPRIO, SILENCIO…     
AS PALAVRAS FICAM VAZIAS QUANDO O CORAÇÃO TAMBEM O É, AS PALAVRAS PODEM MAGOAR OU MESMO FERIR MAIS QUE UMA LÂMINA…
PALAVRAS SÃO APENAS PALAVRAS QUE O VENTO, OU APENAS, O SOPRO DO PENSAMENTO LEVA PARA OUTRO LUGAR, MAS OS SENTIMENTOS QUE AS ENVOLVE FICARAM PARA SEMPRE NO FUNDO DA NOSSA ALMA, NUM CANTINHO DA NOSSA MEMORIA OU NO NOSSO CORAÇÃO…

domingo, 21 de agosto de 2011

HISTORIA IMFANTIL


 O SONHO DA JOANA




  Joana era uma linda criança que caminhava harmoniosamente nos seus oito anos de idade. Era bastante alegre, reservada e pobre. Não deixava, porém, de transbordar doçura e encantamento.
  Com os seus cabelos loiros, cheios de caracóis, suas faces rosadas e olhos azuis, vivia feliz, simplesmente por existir.
  Morava numa casa pequena e repleta de simplicidade, com os seus pais, cinco irmãos e avó que lhe contava variadíssimas histórias, as quais ela adorava ouvir.

   Estávamos no final da Primavera e, como era costume, Joaninha fazia sempre questão de acompanhar suas irmãs quando iam regar a horta, que ficava um pouco distante de sua casa.
  Pois deliciavam-se ao passearem debaixo das árvores, nas suas sombras onde ao mesmo tempo comiam as frutas da época, viam e ouviam o chilrear dos passarinhos e respiravam a brisa refrescante e perfumada, vinda desse ar tão puro e tranquilo, que só a natureza sabia oferecer.
  Inclusivamente, gostavam de apanhar todo o tipo de flores campestres, para se embelezarem a elas próprias ou levarem para enfeitarem a casa, ou única e simplesmente sentirem o prazer de as apanhar e cheirar.

  Sim, regar a horta, era algo que elas também adoravam compartilhar, pois deliciavam-se com a frescura da água corrente, que provinha duma nascente, seguindo em direcção à horta ressequida pela quentura do sol, a qual suavizava esse bafo quente, normal da estação. A água, ao passar pelos regos, absorvia-se na terra, transformando esta em lama debaixo dos seus pés descalços e que elas patinhavam gostosamente.

  - Queres também que te lave uma cenoura tenrinha para comeres? Perguntou-lhe a sua irmã mais velha, enquanto as escolhia e arrancava.
  - Que bom, que maravilha! Sabem tão bem! Prova uma, dizia a outra irmã, enquanto se deliciava ao dar pequenas dentadinhas na cenoura, acabada de lavar.
  - Sim. Vou experimentar também. Deve ser bom…, respondeu Joaninha, com a curiosidade à flor da pele.
  E, quando deu a primeira dentada, não desgostou do sabor, talvez um pouco agridoce…mas fresquinho e apetitoso.
  De repente olha fixamente para a rama verde e murcha das cenouras, feijões e alfaces e vê sobressair uma cana nascida no meio delas, igual às que estavam a segurar os feijões e tomateiros ainda verdes, mas já bastante altos e com os rebentos crescidos.

  Defronte dela, Joana contemplava, imóvel e boquiaberta, as pequenas vagens que continham os feijões e que lentamente se transformavam em flores de todas as cores: eram papoilas vermelhas, lírios roxos e até os malmequeres, brancos ou amarelos, iguais aos que elas adoravam e com que se deliciavam a fazer colares estavam lá e cresciam juntamente.
 De repente, aparecendo do céu, ela viu uma linda andorinha colorida a voar à sua volta, a qual lhe segredou:
  - Joaninha voa, voa, segue-me, dá asas ao teu sonho!
  E assim, ela deixou-se fascinar e guiar por aquele maravilhoso pássaro, vindo misteriosamente do nada...

  Joaninha admirada e com bastante receio deu um passo em direcção à paisagem, que crescia lenta e maravilhosamente na sua frente.
  Em primeiro lugar sentiu o medo preencher o seu coração, mas recusou-se a fazer-lhe a vontade não o deixando entrar.
  Então, ela seguiu o impulso e a curiosidade abriu a porta ao seu sonho… e assim acompanhou a linda andorinha que a esperava.
   Sentiu-se leve e deixou-se flutuar nesta autêntica magia... e entra, lenta e cuidadosamente, quando, inesperadamente, um aroma esquisito e agradável ao mesmo tempo a invadiu: era húmido e quente com um ligeiro cheiro a sal. E deixou-se conduzir sem saber por quem, talvez pela simples vontade de conhecer algo de que só tinha ouvido falar.
  Joana deparou-se com uma paisagem parecida com aquela que tinha desenhado alguns dias antes na escola: era uma enorme praia, com areia branca e o mar infinito de um azul transparente. Ali podia, inclusivamente, apreciar todo o tipo de peixinhos a passear e como que a chamá-la...

  Ela sentiu que a vontade a preenchia pouco a pouco e, assim, num impulso deixou-se conduzir por esse desejo infinito de mergulhar nessas águas límpidas, frescas e apetitosas. Continuou em direcção a uma estrela-do-mar, que lhe sorria e a chamava.
   Já dentro da água salgada, brincou com os peixinhos, andou às cavalitas de um cavalo-marinho, chapinhou com suas irmãs, jogou com as conchinhas na areia e voou com as borboletas, gaivotas e até com um golfinho, que saltava e mergulhava nessa água com sabor a sal.
  Ao fim de um certo tempo, quando o cansaço começou a tomar conta delas, deitaram-se na areia quente, enquanto desfaleciam de tanta estafa. Fechando os olhos, deixou-se embalar pelo sonho acabado de viver.
   - Joana, acorda! Vem, temos que ir embora já é tarde... ouviu ela inesperadamente. Sendo as vozes bem conhecidas das suas irmãs, que a chamavam.
  Enquanto Joana tentava abrir os olhos, sente repentinamente cair em cima do seu colo um pêssego, vindo do pessegueiro onde permanecia sentada e encostada, que se juntou aos outros que já estavam no chão ao seu redor.
  - Adormeci?! Interrogava-se Joana admirada…

  E as suas irmãs continuavam ali imóveis ao seu lado, olharam fixamente umas para as outras como digerissem a magia do mesmo sonho.
  Caminharam as três, silenciosamente, em direcção ao pequeno e estreito caminho que as levaria a casa, pensando em tudo o que acabavam de viver.
  E assim, ficou o encantamento, mas também, mais enriquecidas nos seus sentimentos e ilusões...

terça-feira, 16 de agosto de 2011

POEMA DE MINHA AUTORIA

                      DESPERTAR


Hoje ao despertar quando abri a janela do meu quarto

Olhei o sol e as flores e sorri…

Ouvi o chilrear dos pássaros e sorri…

Lembrei-me de ti e chorei…

Talvez por não te ver nem te sentir

Talvez por querer ver em ti a pureza e o brilho
                como no sol e nas flores

Talvez por  querer sentir ao recordar

A calma, a meiguice e a ternura

Que só eu imaginava existir em ti …

Chorei e sorri porque a esperança não tem fim.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

PIADAS

PIADAS QUASE SANTAS

Um jovem vai à igreja se confessar:
- Padre, eu toquei nos seios da minha namorada.
- Você tocou por cima ou por baixo da blusa dela?
- Foi por cima da blusa dela, padre.
- Mas tu é muito do babaca! Por baixo da blusa, a penitência é a mesma.
____________________________________________________
O velho acaba de morrer. O padre encomenda o corpo e se rasga em
elogios:
- O finado era um ótimo marido, um excelente cristão, um pai exemplar!!...
A viúva se vira para um dos filhos e lhe diz ao ouvido:
- Vai até o caixão e veja se é mesmo o seu pai que tá lá dentro...
_________________________________________________
Na hora do almoço, a madre superiora anuncia:
- Irmãs, hoje teremos bananas de sobremesa!!
- Ehhhhhhhhh!!!! Vibram as freiras.
- Em rodelas!!
E as freiras, decepcionadas:
- Ahhhhhhhhh!!!!....
_________________________________________________
O paciente está na capital para um exame periódico de saúde.
- Você bebe?
- Dois ou três copos de vinho pela manhã, um uisquinho à noite...
- Fuma?
Dois charutos por dia.
- E sexo?
- Duas ou três vezes por mês.
- Sóó? Com a sua idade e a sua saúde, era prá ser duas ou
três vezes por semana.
- Sabe como é, né, doutor? Se eu fosse bispo na capital até que dava,
mas numa diocese pequena, no interior...
______________________________________________________
A freira vai ao médico:
- Doutor, tenho tido um ataque de soluço, que não me deixa viver. Não
durmo, não como, e dor no corpo de tanto movimento compulsivo
involuntário.
- Tenha calma, irmã, que vou examiná-la.
Ele a examina e diz:
- Irmã, a senhora está grávida!
A freira se levanta e sai correndo do consultório, com cara de pânico.
Uma hora depois o médico recebe uma chamada da madre superiora
do convento:
- Doutor, o que o senhor disse pra irmã
Carmem?
- Cara madre superiora, como ela tinha uma forte crise
de soluço, eu disse que ela estava grávida. Espero que com o
susto ela tenha parado de soluçar!
- Sim, a irmã Carmem parou de soluçar, mas o padre Paulo pulou da
torre da igreja!!!
____________________________________________________________
Um padre está em missão em pleno pantanal mato-grossense, quando
surge uma baita onça faminta.
A fera lambe os lábios e se prepara pra dar o bote.
O padre se ajoelha e diz:
- Ó Senhor, incute nesta fera sentimentos cristãos!
E a onça:
- Senhor, abençoai este alimento que vou receber agora !!!
____________________________________________________________
Padre, ontem eu dormi com meu namorado.
- Mas isso é pecado, e pecado mortal minha filha. Reze cinco Pai
Nosso de penitência!
A jovem fica mais algum tempo ajoelhada, pensa um pouco, e depois pergunta:
- Padre, e se eu rezar dez Padres Nossos? Será que posso dormir com
ele hoje de novo?
__________________________________________________________
A campainha toca na casa de um camarada muito pão-duro.
Quando ele atende dá de cara com duas freiras pedindo donativos.
- Meu filho, nós somos irmãs de Cristo e...
- Nossa!!! Como vocês estão conservadas!!!
___________________________________________________________

Um burro morreu bem em frente de uma Igreja e, c
como uma semana depois, o corpo ainda estava lá,
o padre resolveu reclamar com o Prefeito.
- Prefeito, tem um burro morto na frente da Igreja há quase uma semana!
E o Prefeito, grande adversário político do padre, alfinetou:
- Mas Padre, não é o senhor que tem a obrigação de cuidar dos mortos?
- Sim, sou eu! Mas também é minha obrigação avisar os parentes!

________________________________________________________

Tarde da noite, o padre passa perto de um cemitério e leva o maior
susto quando escuta:
- Hum, hum, hum!
O padre pára, reza um pai-nosso, faz o sinal da cruz, enche-se de
coragem e pergunta:
- Do que é que essa pobre alma está precisando?
- Papel higiênico!!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

MAIS UM POEMA DE MINHA AUTORIA




                           SONHO  VAZIO





Nada mais faz sentido
Para alem do sonho
                 que ainda existe em pedaços
Na imaginação de quem o construiu
Nada mais vive
Além da imagem
                  que nasceu na lembrança que outrora existiu
Desapareceu
                  cansou de esperar o passado sem regresso
A esperança esgotou evaporou no sonho,
Desistiu de encontrar
                  o sopro de prazer que há muito deixou escapar
Fugiu da ilusão não aceitando o sonho injusto
                   Tudo acabou
Agora a verdade está em tudo o que se possa imaginar
Mas na verdade nada mais existe
                   Para além do sonho…

domingo, 7 de agosto de 2011

O PERFEITO DO IMPERFEITO parte 22



   Francisca percebeu o quanto a realidade parecia e “era” inaceitável, amarga e bárbara ao enfrentar-mos estas diferenças, por vezes tão fáceis de concretizar, mas que para a maioria eram achadas como “simplesmente insignificantes”.
    Feliz ou infelizmente para alguns, já entraram para a vida com “a tal” diferença, fosse ela física ou mental, por vezes as duas deficiências juntas. Então Francisca perguntava-se o que seria melhor e mais justo? E ai permanecia a indecisão. Francisca só tinha de se mentalizar com o presente e com o facto de viver assim, pois era por alguma razão viável!...
    Não sabia responder a essa pergunta, talvez só imaginasse o pavor, mas sinceramente só lhe era possível responder por ela própria. O que não foi fácil ao sentir o verdadeiro sabor da derrota, mas o mais complicado foi o “sentir” a rejeição de certas pessoas, sim, porque esta habitava sempre ali por perto, embora bastante escondida, mas o certo é que estava lá juntamente com a humilhação. Talvez fosse esse o principal motivo do recusar ter um filho de Jorge, Francisca evitava dar uma oportunidade à evolução desta imprevista doença. Pelo menos por enquanto. Além de ser um grande desejo dela.
   Lembra muitas vezes as palavras “sábias” de sua mãe “os olhos são a janela da alma” e por isso “o nosso olhar reflecte tudo o que sentimos”, embora muitas vezes recusamos admitir tal facto. 
   Ela presenciava a transformação e repulsa de muitas famílias simplesmente porque se recusavam a lidar com as diferenças, fazendo-nos sentir ainda mais incapacitados e muito mais inválidos, “desculpando-se com a falta de tempo,” o tempo existe, é flexível quando o procuramos relativamente, cabe-nos a nós próprios saber aproveitá-lo e controlá-lo ao máximo…
   Francisca também sentira essa repulsa na pele, cada vez que se lembrava de Miguel o seu “grande amor” o “primeiro” em tudo especialmente em fazê-la sustentar a vergonha e com isso a timidez e solidão.

   Por vezes, juntamente com um grupinho de residentes saíam daquela casa, somente para aliviar o peso da tensão que se fazia sentir cada vez mais. Mas claro, estavam sempre acompanhados, pois as barreiras arquitectónicas eram diversas, e os acessos inacessíveis a qualquer pessoa em cadeira de rodas.
   Raramente iam ao teatro ou ao cinema mas cada vez que isso acontecia com a ajuda de outros amigos, ou quando lhes era possível satisfazer essa vontade, desfrutavam ao máximo dos momentos agradáveis e oferecidos pela vida. Onde descontraidamente e ao mesmo tempo, deixavam-se levar e saboreavam a saudade dos períodos longínquos, dos que alimentavam os respectivos optimismos. Pois também sentiam que apesar do azar lhes ter fechado a porta, a sorte abriu-lhes uma janela.
  Jorge continuaria a plantar-lhe, invisivelmente, a fortaleza e a harmonia na sua vida, na sua alma e no seu coração!
   Francisca pressentia Jorge constantemente a vigiá-la e a aconselhá-la em silêncio… ele era o seu anjo da guarda… continuava a colorir o seu presente e sabendo isso, acreditava cegamente nessa ilusão, só assim o seu presente e o seu futuro seriam mais suaves...
   Os meses iam passando e a amargura ficou pouco a pouco mais amena. Francisca conquistou uma alegria pelo menos, todos os seus irmãos casaram, tiveram filhos e não havia conhecimento, “por enquanto,” de nenhum vestígio desta perversa doença. Ela dizia para si “com toda a certeza” que Jorge ficaria feliz ao ver e saber que batalhou ao máximo para reconquistar a alegria perdida. Aquele bocado preso na sua vida que involuntariamente ele levou… mas que também lhe oferecia todos os dias…


   Um dia, ao presenciarem um grupo de alunos vindos em visita de estudo de uma escola próxima da instituição, para compreenderem e contactarem com os residentes com deficiência, Francisca viu a admiração no rosto de cada visitante, apercebeu-se do sentimento de pena de alguns, a repulsa de outros e até a um momento de receio de um deles assistiram. Então, completamente indignada e só depois de saírem disse:
   - Parece mesmo que vieram visitar o jardim zoológico…! A culpa é dos princípios que receberam dos progenitores ou daqueles que tiveram essa responsabilidade, que não os ensinaram a sentir as diferenças e a respeitá-las, protegendo-os demais, pensando que assim seria melhor para eles mas é obviamente o contrário.
     Helena riu-se com a comparação e disse:
   - Não deixes que isso te perturbe, para alguns a diferença não é muito grande…
     Francisca, depois de suspirar, continuou com o seu comentário desabafando o que lhe pesava no coração.
   - O certo é que já cá existe um pouco de tudo! há cobras venenosas, todo o tipo de macacos e gorilas, elefantes trombudos, há peruas sempre com o capricho de serem melhores e superiores aos outros, existem rinocerontes badalhocos, papagaios tagarelas, girafas bisbilhoteiras, etc…, todo o tipo de estranha bicharada!
  - É como em qualquer lugar, se formos analisar e aprofundar bem estas coisas…
  - Até existem gazelas e veados com enormes chifres! Permanecem é invisíveis…
  Acabaram a rir as duas de boa vontade, da comparação acabada de fazer que não deixava de ter a sua lógica. Infelizmente havia pessoas que tratavam um deficiente pior que muitos animais, e os alunos que nos visitaram, acabaram por sentir estas diferenças, mostrando reacções de acordo com a sua educação.
   Mas, o que é certo é que, cada ser humano é como é! Disso não tinha nenhuma dúvida.