quinta-feira, 25 de junho de 2015

O PERFEITO DO IMPERFEITO

  






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 A mesma criança que naturalmente ainda existia dentro de si, conhecia perfeitamente o seu lugar de mulherzinha. Francisca já conseguia perceber o silêncio da sua alma e o segredo da sabedoria que lhe transmitia constantemente. Se receber era acordo, oferecer de coração era partilha, o que era ótimo. E ela desejava partilhar, porque da partilha nasce o verdadeiro amor, aquele que quanto mais se divide, mais cresce.
Nada fica sempre igual, a compreensão e a aceitação são os primeiros grandes passos para acolher a diferença. Na maioria das vezes repentina e inesperada, mas também necessária. Sim a mudança faz parte do amadurecimento constante da vida, de tudo o que a compõe e é inerente a ela. Sabia que nada é em vão ou ocasional, porque em tudo existe um porquê. Daí sermos forçados a acolher e aceitar, tão simplesmente, a diferença.
Aprendeu a valorizar e a aproveitar a simplicidade da vida. A ver, a sentir, a ouvir e principalmente a dar voz ao próprio coração. Porque as dificuldades e as necessidades ensinaram-lhe a
cultivar e a valorizar o que a vida tem de mais
precioso, como o amor autêntico,  a verdadeira paz e a ternura.
Construía pontes de amizade em vez de muros de ciúmes. Plantava uma simples flor de amor, no meio das ervas daninhas, onde pouco a pouco, fazia nascer um jardim de ternura. Tentava construi-lo o melhor possível, com o cuidado necessário, para o fazer florir.
Assim aprendeu a dividir a sua beleza e a sua ternura, com quem mais precisasse. Também aprendeu, a conservar o valor das coisas mais belas e simples da vida, como o respeito.
Começando por ela própria,  ao  saber aceitar e venerar tudo o que vem a seguir. A principal conclusão a que Francisca chegava, pouco a pouco, era a de jamais desistir ou travar alguma coisa. Porque o mistério consiste exatamente em nunca resistir à vida, nem abdicar dela, pois ela é-nos destinada, sem nunca nos ser permitido desmotivar!


Chegava o tempo das vindimas, Francisca e Jacinta, não hesitavam em acompanhar os outros para os campos. Ainda resplandecia o calor reunido nos dias quentes e abafados de verão. Ajudavam-se mutuamente e juntavam o útil ao agradável. Cortavam os cachos de uvas, comiam alguns e, ao mesmo tempo, divertiam-se. Nessas alturas Francisca engordava sempre alguns quilitos, pois deliciava-se com elas, era a fruta da época que lhe satisfazia o apetite. Lembrava- se que era sempre com Jacinta que fazia a dupla: enchiam os baldes ou cestos para em seguida os carregar para o lagar.
Recordava-se ainda de quando num dos lagares da terra, ao anoitecer, as duas queriam participar também no amassar das uvas. Ambas arregaçavam as calças e saltavam para dentro do tanque. E juntamente com alguns amigos e vizinhos calcavam com força as uvas, cantando ao mesmo tempo. Era muito divertido, porque faziam progredir o trabalho com prazer. Justamente porque, o que é feito com gosto nunca prevê cansaço… antes pelo contrário sempre duplica, e sempre melhora…
Francisca e Jacinta eram muito divertidas, mas tamm, com dez anos de idade, quem não o deveria ser? Sentiam-se ricas em simplicidade e humildade, nas coisas verdadeiramente essenciais desta existência. No entanto, Francisca era uma pessoa bastante apreensiva, vivia num mundo muito próprio, rodeado de medo, solidão e angústia. Sem ela própria sequer saber o porquê.


Estávamos no início do primeiro mês do ano, nos dias em que não havia escola. Altura em que as madrugadas eram autênticas e glaciais, onde tudo estava branco pintado de gelo, orvalho e geadas caídos durante a noite.
Sem vontade nenhuma, Francisca via- se obrigada a levantar para colaborar. Para que o presente fosse mais suave e o futuro entrasse mais agradavelmente. Ajudava na apanha da azeitona, nessas manhãs geladas, em que a azeitona se encontrava negra de bem madura e pronta para ser apanhada.
Eram muitas as vezes, que Francisca escondia as mãos geladas, debaixo dos braços, para as aquecer. Era assim que voltava a sentir o sangue a correr nos dedos, para continuar a sua empreitada junto dos restantes trabalhadores. Os homens   batiam  as oliveiras, com varas enormes, e faziam cair a azeitona em cima dos toldos, lá colocados  para esse  mesmo  efeito,  enquanto  as   mulheres e crianças apanhavam as que se perdiam para fora dos toldos.
Francisca pensava, inclusive, na falta dos longos cabelos, os que tinha cortado uns meses antes. Enfiou o seu carapuço de lã na cabeça, aconchegou-se melhor ao seu cachecol, verificou se tinha apertado os botões do seu casaco, respirou fundo e continuou.

Depois da primeira etapa, carregavam-na em sacos de lona, e levavam-na para a azinheira, onde extraiam daí o azeite, tão puro. Francisca admirava  as máquinas manuais trabalharem, fazendo nascer daqueles grãos um maravilhoso néctar chamado azeite.

terça-feira, 23 de junho de 2015

POEMA MEU

             O renascer da amizade.

Tive um jardim com muitas flores
Cada uma num tom diferente
Adicionei-lhe alguns nomes
Para serem mais presente

Juntei respeito à lealdade
Com toda a minha certeza
Misturei carinho ao calor
Para que a cor da beleza
Brilhasse no seu esplendor

O amor é uma flor amada
Nascida com devoção
Sendo muito bem cuidada
Regada antes da madrugada
Com a força do meu coração
Adicionei-lhe com alegria
Todas as luzes do tempo
Lancei sopros de simpatia
Pus o sol do meu pensamento
E bailaram nas asas do vento

Vi a felicidade a nascer
Quando a bondade floresceu
Deixando no ar o aroma
Que a esperança me deu

A recordação virou lembrança
Com o perfume da emoção
Ao ver tudo isso acontecer…
Mas a pétala da saudade
Brotou do meu coração
Fazendo a amizade florescer…


FREDY 2015-04-14