sábado, 19 de dezembro de 2015


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Fazia sempre por ajudar o máximo posvel, pois esforçava-se por isso, para depois saborear o gosto do inverso. Mas apreciava acima de tudo, o resultado desse gesto nobre. Gestos de bondade e humanidade, os que ali eram vividos, mas no geral, tamm cada vez mais raros. Valorizava cada vez mais essa dedicação, com otimismo, vaidade e perseverança. Sim, porque podia-se sempre fazer melhor, mas a boa vontade nem sempre estava presente.
O empenho que sentia em satisfazer os desejos dos outros, ajudava-a a concretizar um pouquinho o seu. O sonho que fora aprisionado por ela, por vezes saltava-lhe do coração. Quando alguma coisa a sufocava e a impedia de seguir o seu caminho na vida, Francisca desejava muito viver e dizia-se que nada era em o, que tudo vale a pena, mesmo só para aprendermos um pouco mais da vida, porque viver não custa, o que custa é saber viver.




Francisca gostava, muito, de escrever. Desde a adolescência que ela transmitia para o papel, poesias variadas, pensamentos verídicos e até histórias para crianças. Sim, ela agora tinha tempo para isso, e muito mais. Estava sempre disponível, para ajudar, quando e no que fosse possível e, claro no que pudesse.
Foi assim que, após cinco anos de estadia naquele lugar, conseguira um computador que tornaria a sua escrita muito mais facilitada e legível... algo que valia a pena ler.
Conquistou com facilidade, o carinho e a simpatia de muitos residentes. Outros recusavam- se simplesmente a mostrar o pouco de bondade que ainda tinham e podiam partilhar.
A revolta sentida era a principal culpada, impedia apenas essa demonstração de afeto. Os atos de amizade eram cada vez mais difíceis, para alguns. Recusavam-se simplesmente a mostrarem esses sentimentos, enterrando-se cada vez mais fundo, no abismo que eles próprios criavam. Mas mesmo assim, ela tentava entendê-los e queria encontrar uma solução viável.
Dizia que apesar de tudo e, infelizmente, ainda existiam casos piores, casos sem remédio nenhum. Só para aliviar um pouco mais, essa frustração, esse ar pesadíssimo e que permanecia constante naquela casa. Para alguns, a força de viver ia-se esgotando, mas, apesar disso, ela dizia-se constantemente a si própria que não lhe era permitido desistir.


Cativou com doçura e carinho a ateão, repleta de simplicidade de uma velhinha com oitenta e  poucos  anos.  Chamava-se Joaquina  


tinha adquirido, involuntariamente, uma doença de nome: Alzheimer.
Sempre que a via dirigia-se, imediatamente, ao seu encontro. Só para lhe dar um abraço e um beijinho, cheios de ternura e simpatia, como se de uma criança se tratasse. Embora fosse isso o que muitas vezes parecesse. Foi infelizmente, o primeiro e último lar ou residência que conheceu, pois a sua patologia já estava bastante adiantada, agravando-se cada vez mais com o passar dos dias.
Esquecia-se constantemente das coisas mais simples. Quem era, onde estava ou se tinha família… coisas que para ela tinham um enorme significado e um grande valor moral. Tinha família, duas  filhas,  embora  o  marido   tivesse  partido desta vida. Por vezes recordava-se deles, tinha netos que vinham visitá-la, mas raramente, apenas quando caia nas malhas da lucidez.
Francisca era considerada por ela como sendo sua neta e sentia-se feliz com tal facto. Conseguira assim ter a avó que não chegou a conhecer, por isso lhe dedicou este poema:






Minha avó emprestada


Tuas  palavras  ditas  ao  acaso!
Cheias de ternura e por vezes tão banais,
em frases tão insignificantes,
mas que fazem a alegria
sobrepor- se à tristeza!
Teus gestos tão simples,
carregados de dura
fazem renascer a bondade,
tantas vezes perdida
ou deixada escondida


Teus beijos e abraços carinhosos

fazem-me lembrar a avó que,

infelizmente,

não conheci,

mas tantas vezes imaginei!

Tua pele enrugada

pelas ondas do tempo,

mostra ainda  a  sabedoria

que  te resta dos tempos longínquos!

O teu sofrimento acabou,

deixaste esta vida

mas  não  deixarás  os nossos corações       

nem o nosso pensamento!

Simplesmente

porque nós não deixamos,

minha avó emprestada!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

DOIS POEMAS DA MINHA AUTORIA






Jardim da loucura






No jardim da loucura


Eu semeei o meu medo


Nasceu uma simples flor


Com chama de segredo




Lancei sentimentos vazios


Nessa terra molhada


Onde brotou a esperança


Desta vida falhada


 


Tentei renascer


Nas caricias do tempo


Semeei o teu perfume


Nas ondas do vento




Recordei com saudade


E vivi de verdade


 


 




FREDY












Jardim de sopros







Soprando na doçura do encantamento


Onde vários sopros de amor

Se misturam com sopros de cor




Ficam sopros desesperados

Que saem de mim, desfocados


Pois só assim pintam meu fado




Fado que sopra no meu coração

Coloridos e com muita emoção



Toca suavemente as caricias magicas


Como pétalas de rosas perfumadas…


 


Jardins de flores pretendidas


Bocados de amor coloridos


Em sonhos bem definidos




Pois cada rosa tem vários espinhos

Que nos ferem os sentidos

 


No toque suave dos sopros


Onde é construído um jardim










FREDY