segunda-feira, 26 de outubro de 2015

POEMA MEU

                                         O MUNDO


Dizem que o mundo é redondo
Mas será mesmo assim?
Onde a essência desta vida
Seria sem princípio nem fim

Um remoinho de sentimentos
Transbordaram do meu coração
Fiquei presa por momentos
E duvidei da própria razão

Então saboreei por um segundo
Uma bola agridoce de algodão
Mas um sentido mais profundo
Fez-me constatar a ilusão
Que o mundo nos derrete na mão

Pois sendo uma bola enrolada
Tão querida como o próprio sol
Deixa que a bola que mais lhe gira
Ser sem dúvida a de futebol|!

FREDY







domingo, 25 de outubro de 2015

O PERFEITO DO IMPERFEITIO

Deixo aqui mais uma arte do meu livro.

Quando ficou a conhecer a maioria dos residentes, pensou na sorte que tinha, simplesmente porque estava consciente e, apesar de tudo, podia mexer o seu corpo. Enquanto uns, esperavam na cama inativos, sem saberem o quê, nem porquê outros falavam ou olhavam sem sentido. Outros aguardavam nas suas cadeiras de rodas um pouco de atenção ou respeito e outros ainda corriam pelos corredores. Era o jogo do tudo ou nada, o jogo da vida.
Enquanto uns tinham a sorte de ter a saúde física, outros tinham apenas a mente saudável, mas infelizmente só isso… lucidez na mente.
Embora fosse o lar mais adaptado para Francisca, apesar de tudo sentia-se desajustada, pois não se enquadrava naquele lugar, assim dizia a sua voz interior. Talvez fosse essa a verdadeira razão, porque havia situações muito diferentes, desde personalidades diferentes à falta de saúde física. Mas Francisca sabia que tinha que aceitar esse facto, do qual nunca poderia fugir.
Além de ser uma casa bastante espaçosa, com enormes corredores e grandes salas de estar, era talvez a única com a oportunidade de trabalhar, algo deveras ambicionado por ela.
Francisca precisava estar ocupada, não queria continuar inativa, desejava muito usufruir do que pudesse tirar partido, sendo útil para todos os que precisassem. Ansiava compartilhar os momentos de


alegria, os momentos felizes, aqueles que a saúde lhe pudesse trazer, ainda. Estava consciente que ajudar era sempre o melhor remédio, mas por vezes tamm precisava de ser ajudada. Sim, precisava de saber porque estava ali, mas, principalmente saber porque é que Deus, ou fosse o que fosse, autorizava tais injustiças.


Os dias passavam, mas para Francisca eles corriam a cada dia um pouco mais devagar. Ocupava os tempos livres, que eram muitos, como bem entendesse. Ora ajudava ou era ajudada, ora ensinava ou aprendia, não faltava o que fazer, para quem quisesse. Era esse o seu principal objetivo, o de estar, constantemente, ocupada, aprendendo algo de novo.  Havia  sempre  alguma coisa  a  aprender  ou  a ensinar, a questão era querer! Tudo isto com uma única finalidade: a de manter a sua mente sempre distraída.
Não queria ter tempo para nada, principalmente para pensar. O que muitas vezes era demasiado doloroso, mas também obrigatório. Pois a reflexão faz parte do recheio do dia a dia. E é óptimo refletir sobre o que se passou, ajuda-nos bastante a compreender o presente e a valorizar melhor o futuro.
No entanto, via-se também na obrigação de admitir que o passado não muda. Feliz ou infelizmente, somos nós que temos de mudar, ao sabor do tempo. Em muitos aspetos e, por maior que fosse a vontade de mudar, tudo continuava exatamente na mesma. Francisca não sabia se havia de discordar ou concordar com esta real contradição, porque achava inclusivamente que era verdadeira.
Havia momentos, em que Francisca se isolava de tudo, ela precisava disso, pois sentia-se triste,


dececionada, com a vida e com todos. De vez em quando, e sempre que isso acontecia, ela implorava à  paz  para  vir  ter  consigo.  Assim  saboreava a calma e refugiava-se do ar pesadíssimo que existia constantemente em seu redor,  onde era raro poder encontrar o silêncio.
Por  vezes,    pensamento  viajava,    ela deixava-o ir, sentia-se feliz quando o acompanhava
de  boa  vontade no  regresso ao  passado, ou  ao futuro imaginado. Pensava em tudo o que mudaria se pudesse e se fosse exatamente agora, mas o passado continuava lá, distante e perdidamente inalterável. Talvez não mudasse nada, se calhar passaria por tudo, outra vez. Ou melhor, mudaria sim, apagaria o episódio que a fez mergulhar no abismo, onde se encontrava presentemente. Dizia-
se também que afundava nele continuamente, mas rápido mudava de opinião. Pois de nada adiantava imaginar o que poderia ter mudado, se tudo já se tinha passado e nada podia fazer para voltar atrás.
De nada se arrependia, reviveria tudo outra vez e passaria por tudo, novamente! A verdadeira escola da vida era essa. Valorizar as coisas boas.  Viveu momentos muito felizes, outros menos, mas mesmo os que a fizeram sofrer lhe ensinaram a compreender melhor os azares que o destino oferece. Sim chorou, riu e saboreou um pouco de cada emoção. Provou e avaliou os rios gostos e sensações. Mas principalmente aprendeu que em qualquer obstáculo existe sempre uma servidão para cativar a vida. Simplesmente porque a vida é a única e verdadeira escola. E quem não conseguir entender isso, pouco  tem a ganhar.
 Às vezes questionava-se: - Como saber, se esta vida é uma carta selada? Como aproveitar tudo o que está certo e


nos afastarmos do que esta errado? E como prever se fizemos a escolha certa? Como saber que explorámos o verdadeiro caminho, ou seguimos na direção correcta? Será que a possibilidade de um dia alcançar a felicidade existe?...
 Para Francisca, a verdadeira resposta a todas estas questões estava no coração de cada um, nos sentimentos e, inclusivamente nas suas ações, boas ou menos boas.

Francisca sentia-se uma autêntica aprendiz da vida. Interrogava-se rias vezes, sobre a pouca sorte que lhe batera à porta e tentava conformar-se em aceitá-la. Ela queria acreditar no que dizia a si própria e assim tentava enganar-se, ao confiar plenamentna  sua  intuição  que  lhe  dizia que agora era mais feliz… Poderia ter sido pior, Deus sabe o que faz obrigava-se ela a pensar.