segunda-feira, 30 de julho de 2012

LINDO...


Um dia juntei todas as palavras que já aprendera e busquei para elas novos sentidos,  novas maneiras de soar e de voar ate ao coraçao dos homens.
Censuram-me por te-lo feito e houve ate quem me dissesse:
“as palavras são o que são e procurar para elas novos significados é pura perda de tempo e ofensa aos deuses”.
Eu não lhes dei ouvidos e continuei a escrever, aprendendo o sabor do casar a palavra agua com a palavra vento e a palavra corpo com a palavra terra
E a palavra homem com a palavra sonho e a palavra natureza com a palavra vida.
Foi assim, um pouco sem o querer, um pouco sem o esperar, que usei pela primeira vez a palavra “poesia.”
Que viaja comigo, companheira eterna, para todos os lugares onde vou, desde a memoria do homem até aos últimos esconderijos da  noite, ate ao fundo da claridade dos dias.
Poema de José Jorge Letria. No voo de uma palavra.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

POEMA DE MINHA AUTORIA

              Hoje falei com Deus




Hoje falei com Deus, como tantas outras vezes…
Mas como as outras vezes, Ele não me respondeu…
Contei-lhe os meus receios e minhas perdas…
Mas Ele não se mostrou decepcionado…
Mostrei-lhe as minhas feridas e mágoas…
Mas Ele continuou inconformado…
Já não sei como pedir, nem mesmo o que pensar…
Como a maioria das vezes, choro,
Ao sentir meu coração despedaçar...
Será que Ele me ouve?
Será que Ele me vê?
Ou será que Ele existe?
Pois a indecisão me preenche…
E como das outras vezes, a desilusão toma conta do meu sêr…
Mas não quero nem posso desistir,
talvez na próxima vez, ele reaja.


domingo, 22 de julho de 2012

HISTORIA INFANTIL


 Aqui publico mais uma historia infantil, da minha autoria, em três linguas.

                     A FAMILIA MICLINA


  Era uma vez uma pequena e nova família de coelhos, que morava mesmo por baixo dos troncos secos, das árvores que enfeitavam a entrada de um belo bosque. Lugar esse que ficava, mesmo ao lado de um hospital para crianças e o qual continha no centro um lindo jardim.

  Essa nova e pequena família de coelhos era constituída, pelos pais e três filhos. Mico, Mimo e Mimi, era como eles se chamavam, e sentiam-se felizes simplesmente, por ainda continuarem vivos e felizes.

  Neste hospital, que acolhia crianças com todo o tipo de problemas acidentais, tinha acabado de chegar uma menina com um braço ao peito. Micaela, como ela se chamava, tinha partido o braço, ao tentar salvar um gatinho, que ficara com a coleira presa no tronco de uma árvore. Ao ouvi-lo miar, desesperadamente, ela assustou-se e fez o possível para o salvar.

  Micaela, estava prestes a completar os seis anos de idade, no dia seguinte, mas sentia-se muito triste e só, pois além de ser órfã passaria o dia do seu aniversário naquela casa, sem a companhia dos amigos.

  Nesse final de tarde, primaveril, estando ela sentada, num banco desse lindo jardim, enquanto admirava a paisagem do fim do dia, contemplava a paz da calmaria ao ouvir o simples som do chilrear dos pássaros.

  Quando, subitamente, ela viu sair de um buraco mesmo defronte dela, três coelhinhos que dançavam e saltitavam ao redor de Micaela. Ela sentiu um enorme desejo de viver um pouco da alegria que os contagiava, e então, sem receio algum, perguntou-lhe:
  - Olá lindos, como se chamam vocês, será que também posso brincar? Parecem tão felizes.

  Quando ouviram essa nova voz, esquisita e chorosa, a primeira reacção deles, foi a de se esconder, logo atrás do primeiro tronco que encontraram, pois o medo começava a contagia-los…
  Mas Mimi, sendo a mais corajosa, logo se pôs à espreita e pondo a cabeça de fora, respondeu:
  - Olá, eu sou a Mimi, e eles Mico e Mimo, os meus irmãos, e tu quem és?

  Depois de Micaela lhes ter contado o acidente e mostrado verdadeira amizade, ela disse insatisfeita:
  - Vês… eu parti o meu braço… ao querer ajudar. Concluiu ela mostrando-se arrependida.

  - Não fiques assim, tão triste, lembra-te que para tudo existe uma verdadeira razão, e, nunca te arrependas do bem que fazes.

  Sim, a verdadeira razão da sua estadia ali, Micaela percebeu-a no dia seguinte, quando os três coelhinhos, no parapeito da janela entreaberta, a acordaram ao cantarem-lhe os parabéns.

  Micaela viveu o dia mais feliz, da sua existência, teve a maravilhosa surpresa dos seus amigos de escola, com um bolo de aniversário. Mas, logo a seguir ao jantar, ela teve a maravilhosa ideia e, sem ninguém se aperceber, escapulir-se até à cozinha, com uma única intenção, de encontrar algumas cenouras.

  E encontrou o que queria, então satisfeita, ela dirigiu-se, ao local do costume, onde se encontrava com eles. Então ofereceu uma a cada um.

  - Que óptima e bela cenoura… estava com tanta vontade… Dizia Mimi enquanto a degustava.
  Riram todos juntos, quando, no final de comer a segunda cenoura, a ouviram dizer que estava mal disposta e com dores de barriga.

  Micaela, apercebeu-se que os verdadeiros amigos encontram-se, por vezes quando menos se espera, e em qualquer altura e circunstância.

  Compreendeu também, que não existem dias próprios, para satisfazer os desejos tão ambicionados dos verdadeiros amigos…




                                     Die Familie Michelin



   Es war einmal eine kleine, nette Kaninchenfamilie, die in einer Baumhöhle lebte.
Auf der einen Seite dieser Höhle hatte es einen schönen, kleinen Wald, auf der anderen aber, in der Nähe einer Stadt mitten in einem schönen Park, lag ein Krankenhaus.

   Die Kaninchenfamilie bestand aus den Eltern und ihren drei Kindern. Die Freude bestimmte ihren Tageslauf, denn sie waren einfach glücklich darüber, dass sie lebten.

   In das Krankenhaus, das Kinder mit allen möglichen Krankheiten aufnahm, musste ein kleines Mädchen eintreten. Es hiess Michelle.

   Michelle war sehr traurig, weil sie sich einen Arm gebrochen hatte. Sie war auf einen Baum einer Katze nachgestiegen, die fürchterlich wehklagte, weil sich ihr Schwanz in einem Ast verfangen hatte.

  Das war am Abend vor dem  sechsten Geburtstag von Michelle geschehen. Sie war sehr traurig, weil sie weder Vater noch Mutter hatte.

  Nun kam noch dazu, dass sie ihren Geburtstag im Kinderkrankenhaus verbringen musste, so dass sie nun auch ohne die Gesellschaft ihrer Schulfreunde war.

   Alle in der Klinik waren sehr zuvorkommend zu Michelle, aber … das änderte nichts daran, dass sie für drei weitere Tage allein dort bleiben musste.

   Am Abend sass Michelle auf einer Bank im wundervollen Park, wo sie all die blumen bestaunte und den Vögeln zuhörte, die um sie herum flogen und sangen.

   Der Frühling war angebrochen, die Sonne schien milde. Das Wetter wurde zunehmend wärmer, und es war sehr angenehm.

   Da sah sie plötzlich drei kleine Kaninchen, die herumtollten, sprangen und ganz in ihrer Nähe spielten. Sie schienen so glücklich, dass sie Lust bekam, die Freunde mit ihnen zu teilen.

   Sie lächelte vor sich hin und zwischen den Tränen, die ihr hochstiegen, fragte sie:
„Wie herzig und süss ihr seid! Wie heisst ihr denn? Ihr scheint so glücklich zu sein. Darf ich mit euch spielen?

   Als die drei die sanfte, aber traurige Stimme hörten, erschraken sie zuerst und versteckten sich unter der Bank.

  Aber bald, nahm das kleinste, aber auch unerschrockenste Häschen all seinen Mut zusammen und antwortete mit zitternder Stimme:
  „Ich heisse Mimi, und das sind meine Brüder Mico und Mimo. Und was machst du denn da?“

  Bevor Michelle die Geschichte ihres Unfalls erzählte, klagte sie mit trauriger Stimme:

  „Wie du siehst, habe ich den Arm gebrochen, weil ich jemandem helfen wollte, darum wird es wohl künftig besser sein, wenn ich nur noch für mich schaue.“

  „Aber denk doch zurück: Du hast etwas Gutes getan, du hast gehandelt, um jemandem zu helfen. Du musst immer an das Gute glauben, in allem und überall. Es gibt immer einen Grund für das Gute.

  Am folgenden Morgen erkannte sie, was damit gemeint war: Die Kaninchen sangen für sie unter dem offenen Fenster.

   Michelle war sehr glücklich, als sie erkannte, dass sie grade weil sie einen Unfall hatte, ein sehr schönes Geschenk erhalten hatte: Ihre neue Freundschaft nämlich.

   Nach dem Frühstück suchte Michelle deshalb die Küche auf, in der Absicht und in der Hoffung, Karotten zu finden. Und sie fand welche! Voller Freude machte sie sich sofort auf in den Park, wo ihre neuen Freunde schon auf sie warteten.

   Michelle gab jedem ein Rübchen. Darüber waren sie so erfreut, so dass sie die köstliche Gabe sogleich genüsslich aufassen.

  „Welch eine feine Karotte“, sagte Mimi, „vielen Dank, das schmeckt aber nach mehr!“

  a lachten sie alle. Sie mussten Mimi aber dann auch trösten, als sie nach der zweiten Karotte über Bauchschmerzen klagte.

  Michelle hatte mit ihren Freunden einen wunderbaren Tag verlebt, und zwar nicht nur mit den neuen, die sie hier kennen gelernt hatte, sondern auch mit denjenigen aus der Schule, die sie jetzt mit ihren Geschenken besuchten. Sie hatte aber auch gelernt, dass Freundschaft entsteht, wenn man sie nicht erwartete, und dass die Zeit wichtig war, die man zur Freude seiner wahren Freunde da war.


                 LA FAMILLE MICHELIN




  Il était une fois, une très jeune et simple famille de lapins, qui habitaient dans les creux des arbres, tout prés d’un magnifique bois.
  D’un côté il y avait une belle et petite forêt, mais de l’autre, tout prés de la ville et au milieu d’un beau jardin, il y avait un hôpital.
  Cette famille, de lapins, était constituée par les parents avec leurs trois enfants. La joie commandait leur vie, car ils étaient des êtres vivants très heureux.
  Dans cet hôpital, qui accueillait, des enfants ayant tous les types d’accidents, venait juste de rentrer une petite fille qui s’appelait Michelle.
  Elle se sentait très triste car elle s’était cassée un bras, tout naturellement, pour avoir voulu monter sur un arbre. Elle avait vu une jeune chatte qui pleurait beaucoup, car sa cuillère était coincée à la branche d’un arbre.
  Michelle allait compléter ses six ans le lendemain. Mais elle se sentait très seule et également triste .Tout ça  parce qu’elle était orpheline de père et mère.
  Mais aussi, parce qu’elle passerait le jour de son anniversaire, dans cet hôpital pour enfants. Et naturellement, elle serait privée de tous ses amis de l’école.
  Tout le monde était vraiment gentil avec Michelle, mais… cela ne l’empêchait pas de devoir rester dans cet hôpital, pour trois jours encore. 
  Le soir de cette même journée, Michelle était assise sur le banc de ce merveilleux jardin, où elle regardait et écoutait attentivement, toutes les fleurs et tous les oiseaux qui volaient et chantaient autour d’elle.
  On était au début du Printemps, et le soleil brillait de douceur. Le temps commençait à devenir un peu chaud et très agréable.
  Quand soudainement, elle vit trois petits lapins, qui sautaient, dansaient et jouaient tout auprès d’elle. Ils semblaient tellement heureux, qu’elle eut envie de partager un peu de leur joie.
   Alors, elle se sourit à elle-même, et malgré les larmes qui voulaient sortir de ses yeux, elle demanda:
  -Comme vous êtes jolis, doux et mignons, quels sont vos noms ? Vous semblez si heureux! Je peux jouer avec vous?
  Lorsqu’ils entendirent cette étrange voix, douce mais aussi pleureuse, leur première réaction fut la peur et ils se cachèrent sous le banc.
  Mais ensuite, la petite lapine qui était la plus jeune mais aussi la plus audacieuse se remplit de courage et avec sa voix tremblante dit :
  -Moi, je m’appelle Mimi, ils sont mes frères Mico et Mica, et toi que fais-tu ici?
  Michelle, après avoir raconté l‘histoire de son accident, a rajouté, avec sa voix triste:
-Tu vois, je me suis cassée le bras, parce que j’ai voulu aider quelqu'un, et pour ça je pense que parfois, c’est mieux de laisser l’égoïsme commander.
  -Mais rappelle-toi que tu as bien fait, simplement, tu as agi pour sauver quelqu’un, et tu dois toujours penser positivement. En tout chose et partout, y a une raison.

   Alors, le lendemain matin, elle comprit la vraie raison de sa permanence à l’hôpital. Ils ont chantés pour elle, sur le rebord de sa fenêtre ouverte.
  Michelle était tellement heureuse, qu’elle s’est rendue compte, que malgré son accident, elle avait reçu, elle aussi, un très beau cadeau,  sans prix : leur amitié.
   Après le déjeuner, Michelle s’est dirigée vers la cuisine de l’hôpital avec la seule idée et espérance, de trouver quelques carottes. Et elle en a trouvé ! Alors, pleine de joie et instantanément, s’est dirigée vers le jardin, où elle était attendue par ses nouveaux amis.
   Michelle a donnée une carotte à chacun, ils se sont montrés si satisfaits, qu’ils ont tout suite et délicieusement mangés cette merveilleuse offrande.
  - Quelle belle carotte, disait Mimi, merci beaucoup, j’en avais tellement envie.
  Alors, ils ont ri, tous ensemble. Parce qu’ils ont assistés quand Mimi, après avoir mangé la deuxième carotte, a dit qu’elle avait mal au ventre.
   Michelle a passé une excellente journée avec tous ses amis, ceux qu’elle vient de connaître et, aussi, ceux qui sont venus de l’école avec quelques cadeaux. Mais elle a aussi appris que l’amitié arrive quand on ne l’attend pas. Et que, la date, et les jours ne comptent plus pour satisfaire le plaisir des vrais amis.




quinta-feira, 12 de julho de 2012

Não Digas Nada! Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender —
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"