terça-feira, 28 de julho de 2015

MAIS UMA PARTE DO MEU LIVRO: O PERFEITO DO IMPERFEITO.

https://www.chiadoeditora.com/livraria/o-perfeito-do-imperfeito

CAPÍTULO SEIS
O CERTO E O ERRADO


Nesse fim-de-tarde, Francisca sentia-se bem mais tranquila, enquanto desfolhava uma revista recente, que as suas irmãs lhe tinham trazido no dia anterior. Gostava de saber as novidades que faziam este mundo girar e o que nele se passava. De vez em quando, sem tirar os olhos da revista, metia um chocolate na boca, tirado da caixa que continuava em cima da mesinha-de-cabeceira, e que fora oferecida por Irene.
Nessa altura, o Dr. Rui entrou, depois de bater à porta do quarto.
- Olá, posso incomodar? Perguntou ele, com ar  brincalhão e simpático, como de costume.
- Olá  Doutor,  sim  e  o,  respondeu  ela  com  um sorriso um pouco atrapalhado… - claro que sim, faça o favor de entrar e claro que o, não incomoda nada! Respondeu-lhe ela, continuando a sorrir e, pegando na caixa para lhe oferecer. Tire um chocolate, são muito bons, foi a minha sobrinha que mos trouxe ontem.
-  Obrigado,   não  costumo   aceitarmas   sim
aceito, que são oferecidos por alguém com tanta delicadeza!
- Hum, muito agradecida, pela parte que me toca e fico muito lisonjeada também, disse ela e sorrindo e lançando-lhe um olhar sensual. Depois, poisou a revista que estava a ler na cama ao seu lado.
Ele pegou na caixa que ela lhe estendeu, e ao mesmo tempo que olhou para eles, escolheu um entre rios, em forma de um coração, que levou aos lábios (bastante apetecíveis) e saboreou.

- Pronto, tirei-te o coração, tem um gostinho mesmo bom, sabe a noz… explicou ele, depois de dar umas dentadinhas no chocolate e se sentar em cima da cama, a pouca distância dela e junto de kiko.
- Oh, não, mas que maldade! Nunca pensei que tivesse a coragem de me comer o coração, não fica triste depois disso? Perguntou ela num tom meio sério, meio de brincadeira.
- Não fico o, porque foste tu que mo deste e depois fica dentro de mim, perto do meu, e assim sei que está protegido.
- Oh... Mas que simtico ele esta! Soube-lhe bem, não soube? Isso é que importa. Riram um para o outro.
- Sim... muito bem. Vindo de alguém tão especial, podia! Deitou-lhe um olhar ardente e ela sentiu-se queimar, ainda que apenas no seu íntimo. Foi como se ele a despisse com esse olhar, charmoso, que a fez sentir mida e envergonhada.
Francisca olhou-o com mais atenção, mas reparou que ele, também a observava. Seus olhos castanhos tinham um reflexo acinzentado, com um brilho que nunca tinha visto neles, e falaram com o olhar, durante uns segundos, talvez devido ao facto de estar mais alegre que habitualmente. Teve vontade de tocar aquele rosto, comprido e liso, e desejou beijar aquela pele bem cuidada e aquele rosto de queixo quadrado, cabelo aos carais, castanhos- escuros e altura média. Ele tinha uma atração única, era lindo e extremamente sexy.
Não... não me é sequer permitido ter esses pensamentos, além disso podia ser casado e com filhos, pois é sempre assim, o melhor pão tem sempre dono, pensava ela.

- Diz-me como te sentes, sei que gostaste das visitas, eu encontrei-as.
Foi interrompida pela voz mais carinhosa que conhecera, a da tal pessoa, a que neste momento, ocupava os seus pensamentos, mais românticos e sensuais.
- Sim... gostei muito, bastante tempo que não via os meus sobrinhos, e eles estão tão queridos e traquinas!
- Ainda bem, eles estão na idade disso, era pior se fosse o contrio!
- É verdade... mas buscando a coragem continuou:
- Acho que tem filhos, já agora posso saber a idade deles? Lançou ela cheia de curiosidade ao perguntar algo mais pessoal.
O Dr. Rui deixou sair uma gargalhada, quando abanou com a cabeça, e confirmou o que Francisca já desconfiava:
- Não, não tenho, nem sequer sou casado e não tenho pressa nenhuma!
- A verdade é que nunca tinha visto nenhum tipo de anel, nas suas mãos, mas para ter filhos não era necesrio...
- Desculpe a sinceridade, mas para ter filhos não precisa casar… Atirou ela com um sorriso, mas ao mesmo tempo com algum receio.
- Tens razão, mas talvez seja porque ainda não encontrei a pessoa certa!
Quando acabou de dizer isso, olhou-a com um ar doce e apaixonado, como Francisca nunca tinha visto nele. Alguns segundos depois levantou-se e, como se despertasse de um sonho, pegou  no ursinho azul, piscou-lhe o  olho e,  delicadamente, deu-lhe um beijo rápido, e atirou-lho e disse:

- Bom, abraça-te ao peluche e fica com ele, que eu vou trabalhar, passei por aqui a ver se estavas bem, e vi que sim
- Abraçava-me a ti, se pudesse pensou ela nesse instante, sem verbalizar.
-Está bem... Obrigada pela visita... Agora que estava a achar a conversa interessante, é que vai embora! Depois, despediu-se com um olhar triste e um sorriso aborrecido.
- Tem que ser, é a vida, não se tem o que se quer, e depois tenho que trabalhar
- Pois...
- Obrigado pelo bombom. Era muito bom respondeu ele com um sorriso encantador.
Respirou fundo, e, assim que ele passou a porta, pensou que ele é que era um ótimo bombom. Aquela tinha sido a primeira vez que eles tinham tido uma conversa  mais  íntima e ficara a saber que ele era livre e desimpedido, mas devia ter centenas de mulheres, ou mesmo homens, a candidatarem-se… como era óbvio... era atraente, lindo e meigo, algo que chamava a atenção.
- Que vontade de beijar aqueles lábios perfeitos pensava ela… mas, ao mesmo tempo, achava-se uma pateta, pois nunca haveria nada entre eles. No entanto, não deixava de ser especial e romântico ao sonhar com essa situação, inaceitável, para a maioria.
Francisca riu-se dos seus pensamentos, ao saber que não era nenhuma adolescente para pensar assim, nem para sonhar com coisas impossíveis. Nem que fossem coisas que nunca se iriam concretizar, esses pensamentos eram como uma lufada de ar fresco, pois chamavam a esperança e construíam um futuro de sonhos... No fundo era só isso  que ela aguardava. Sabia que estava a ser


injusta consigo própria, mas nunca foi interdito a ninguém sonhar poder sonhar…