quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O PERFEITO DO IMPERFEITO " FIM"

DEIXO AQUI, A ULIMA PARTE DO MEU LIVRO, O QUAL VOLTAREI A PUBLICAR BREVEMENTE
   Presentemente, Francisca encontrava-se no hospital para futuros testes e diagnósticos, o que deixava Filipa optimista, porque sendo a doença da amiga parecida à sua, por essa razão, as hipóteses de melhorias eram maiores.

   Recorda-se com saudade, da última parodia, em que as três amigas se reuniram. Francisca encontrava-se ausente há exactamente oito dias, e as saudades já apertavam.

   -Se ganhasse na lotaria, ia dar a volta ao mundo, num cruzeiro… -Dizia Helena.

   - Eu… fazia todos os possíveis para alcançar uma cura para a minha doença… ou pelo menos parar com esta evolução. Dizia Francisca. 

   - Depende do que saísse, se chegasse para isso tudo, comprava inclusivamente, uma casa com todas as condições necessárias a uma pessoa de cadeira de rodas… E claro não podia faltar um bom borracho, bom em todos os sentidos…

   - Deixa lá que se ganhasses uns bons milhões, homens não te faltavam… tinhas escolha… para todos os gostos… embora eu ache que as aparências enganam.

   - Eu também acho que o que conta é a qualidade e não a quantidade! Dizia Francisca…

   - E eu não sei?! Por vezes, aquele que parece não é, e aquilo que na realidade é não parece. Mas, não acham que estamos a sonhar alto demais?...

   Claro que era verdade, mas também era certo que era uma enorme ajuda para a coloração das poucas fantasias.
 

   Nessa noite custou-lhe a pegar no sono, algo que lhe acontecia por diversas vezes. Mas quando conseguiu, teve o sonho mais belo que alguma vez imaginara.

    Filipa abriu lentamente os olhos, querendo algemar e saborear a maravilhosa recordação repleta de serenidade, paz e doçura. Sentida tão nitidamente enquanto esse sonho durou sendo ele demasiado lindo e breve.


    Pouco a pouco o sonho apagava-se, mas Filipa sabia que ficava exclusivamente a poeira dessa maravilhosa lembrança que ela tentava a todo o custo preservar.

   Fazia os possíveis para reavivar o conteúdo desses brevíssimos instantes. Continha única e simplesmente um rosto, que sorrindo para ela transmitia-lhe todo o amor adormecido. Filipa só desejava poder abraçar essa imagem e permanecer assim eternamente.

   Foi o sonho mais autêntico que Filipa já viveu, sendo ele demasiado simples. Mas que armazenava demasiada importância. Com a única particularidade de ser o rosto da pessoa que ela tanto amara um dia, o Paulo.

   Estava assim guardado, colado e repartido entre a sua memória e o seu coração, como quem retém o mapa de um tesouro e se recusa a revelar o seu paradeiro.

   De corpo e alma habitava ali, permanecia meio escondido no recanto da sua consciência recusando-se desfalecer sorrindo para ela, só e carinhosamente para ela.

   Com uma expressão que só ele irradiava. Repleta de raios de felicidade iluminando os recantos mais sombrios existentes no fundo do seu ser.

   Foi a primeira vez que Filipa teve o privilégio dessa sensação maravilhosa. Um sonho com Paulo, não foi o único sonho que o incluía, mas foi o primeiro demasiado real, repleto de emoções encantadoras e fiéis, exactamente como se ainda existisse.

   Foi o sonho mais lindo, e mais pequenino, repleto de amor e garantia que somente ele sabia oferecer-lhe, e transmitia-lhe a mesma segurança de sempre. De que o amor existente por ela continuava precisamente igual ao que sempre foi.

   Dava-lhe a certeza de ser premiada pela brisa de carinho que saia dos seus olhos e penetrava dentro de Filipa, inundando-a completamente e fazendo-a transbordar de alegria e felicidade.

   Deixou-se ficar deitada, com os olhos fechados, a saborear os restos desse sonho, e pensou:

   Será um sinal, que Paulo me quis transmitir?

 

   Lembra-se das palavras ditas por uma cigana que lhe quis ler a sina. Como esse episodio já tinha uns bons anos, na altura fazia pouco sentido, mas agora fazia-o totalmente:

   -“Tu és como uma gota de orvalho, na pétala de uma rosa campestre, forte mas delicada ao mesmo tempo! – Ela achou aquelas belas palavras cheias de encanto e sorriu, mas o medo apoderou-se dela quando ela continuou: -vais padecer de uma doença, a qual te trará vários problemas, mas sairás vencedora.

 

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