Depois de estar ausente durante alguns meses, por motivos familiares, estou de regresso... com mais poemas. Para já, aqui deixo mais um pouco do meu livro.
Cativou com doçura e carinho
a atenção,
repleta de simplicidade e doçura, de uma velhinha com oitenta
e poucos
anos. Chamava-se Joaquina e tinha adquirido, involuntariamente, uma doença de nome: Alzheimer.
Sempre que via dirigia-se, imediatamente, ao seu encontro. Só para lhe dar um abraço e
um beijinho, cheios de ternura e simpatia, como se de uma criança se tratasse. Embora fosse isso o que
muitas vezes parecesse. Foi infelizmente, o primeiro e último lar ou residência que conheceu, pois a sua patologia já estava bastante
adiantada, agravando-se cada vez mais com o
passar dos dias.
Esquecia-se constantemente das coisas mais simples. Quem
era,
onde estava ou se tinha família… coisas que para ela tinham um enorme significado
e um
grande valor moral. Tinha família, duas filhas, embora
o marido já tivesse
partido
desta vida, muitas vezes recordava-se dele! Tinha
netos que vinham visitá-la, mas raramente, apenas quando caia nas malhas da lucidez.
Francisca era considerada por ela como sendo sua neta e sentia-se feliz com tal facto. Conseguira assim ter a avó que não chegou a conhecer, por
isso lhe dedicou este poema:
Minha avó emprestada
Tuas palavras ditas ao acaso!
Cheias de ternura e por vezes tão banais,
em frases tão insignificantes,
mas que fazem a alegria
sobrepor-
se à tristeza!
Teus gestos tão simples,
carregados
de doçura
fazem renascer a bondade,
tantas vezes
perdida
ou deixada escondida!
Teus beijos e abraços carinhosos
fazem-me lembrar a avó que,
infelizmente,
não conheci,
mas tantas vezes imaginei!
Tua pele enrugada
pelas ondas do tempo,
mostra ainda a sabedoria
que te resta dos
tempos longínquos!
O teu sofrimento acabou,
deixaste esta vida…
mas não deixarás os nossos corações…
nem o nosso pensamento!
Simplesmente
porque nós não deixamos,
minha avó emprestada!
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