domingo, 24 de junho de 2012

O PERFEITO DO IMPERFEITO parfe 266


PUBLICO MAIS UMA PARTE DO MEU LIVRO, O QUAL FOI TIRADO DE EPISÓDIOS REAIS SOBRE MINHA VIDA E OUTRAS SEMELHANTES. 
  

   Filipa, de vez em quando, jubilava ao reler os poemas que Paulo lhe escrevia, debaixo da revolta e da solidão aterradora, como ele lhe dizia.
   Os dias nasciam e morriam, as noites também, mas Filipa continuava lá piorando lentamente, por vezes deixava-se navegar com as suas lembranças, nas asas infinitas da liberdade, os sentimentos eram a única coisa que verdadeiramente lhe pertenciam, aquilo que era unicamente seu, sem mais ninguém poder tocar. Principalmente as saudades que tinha de Paulo, o seu refúgio invisível, aquele construído sobre a areia movediça.

   Helena e Francisca encontraram Filipa, no lugar de sempre, quando desejava ter um pouco de paz consigo mesmo, na varanda da instituição contemplando a paisagem que se estendia à sua frente, mas vagueando no tempo passado.
   - A minha irmã foi embora e deixou-te um beijo e esta lembrança. Disse Helena ao estender-lhe um pequeno embrulho. O qual Filipa abriu, sorriu e disse ao ver o que continha.
  - Muito gira, obrigada, já que não as tive quando criança, tenho-as agora. Era uma pequenina boneca em loiça… Francisca sentiu um arrepio e disse:
   - Vamos para dentro! Não tens frio? Agora que escureceu está um gelo… o que é normal…
    Francisca com um sorriso, continuou…
   - Vamos comer os chocolates que os meus sobrinhos me trouxeram! Agora é que vamos engordar! Disse ela ao dar uma gargalhada!
   - Eu não tenho intenção de engordar!
   - Eu também não, estou bem como estou!
   Diziam elas ao entrarem na risada! Ficou atrás delas o relento cada vez mais frio e escuro, onde o eco dos sentimentos permaneciam… juntamente com as saudades de Paulo.



 
             Noite!



 Escura e estrelada
 Aqui penso em ti… e vejo-te como?
 Como uma noite interminável…
 Olho o céu negro e duas estrelas
 Relembram-me teus olhos
 Mais abaixo outra, o teu nariz e outra a tua boca!
 E num acesso de loucura
 Estico os braços e tento apanhá-las,
 E caio em mim, que
 Aqui nunca te poderei alcançar… nesta noite
 Noite que é dolorosa
 Noite de mil sonhos e pesadelos
 Me ocorrem, no meu sono!
 Noite que é dolorosa porque te queria ao meu lado
 E que me deixa frustrado
 Em noite após noite
 Um dia chegará que tudo acabará
 E as noites serão na tua companhia…
 E não mais serão noites!





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