PUBLICO MAIS UMA PARTE DO MEU LIVRO, O QUAL FOI TIRADO DE EPISÓDIOS REAIS SOBRE MINHA VIDA E OUTRAS SEMELHANTES.
Filipa, de
vez em quando, jubilava ao reler os poemas que Paulo lhe escrevia, debaixo da
revolta e da solidão aterradora, como ele lhe dizia.
Os dias
nasciam e morriam, as noites também, mas Filipa continuava lá piorando
lentamente, por vezes deixava-se navegar com as suas lembranças, nas asas
infinitas da liberdade, os sentimentos eram a única coisa que verdadeiramente
lhe pertenciam, aquilo que era unicamente seu, sem mais ninguém poder tocar.
Principalmente as saudades que tinha de Paulo, o seu refúgio invisível, aquele
construído sobre a areia movediça.
Helena e
Francisca encontraram Filipa, no lugar de sempre, quando desejava ter um pouco
de paz consigo mesmo, na varanda da instituição contemplando a paisagem que se
estendia à sua frente, mas vagueando no tempo passado.
- A minha
irmã foi embora e deixou-te um beijo e esta lembrança. Disse Helena ao
estender-lhe um pequeno embrulho. O qual Filipa abriu, sorriu e disse ao ver o
que continha.
- Muito
gira, obrigada, já que não as tive quando criança, tenho-as agora. Era uma
pequenina boneca em loiça… Francisca sentiu um arrepio e disse:
- Vamos
para dentro! Não tens frio? Agora que escureceu está um gelo… o que é normal…
Francisca
com um sorriso, continuou…
- Vamos
comer os chocolates que os meus sobrinhos me trouxeram! Agora é que vamos
engordar! Disse ela ao dar uma gargalhada!
- Eu não
tenho intenção de engordar!
- Eu
também não, estou bem como estou!
Diziam
elas ao entrarem na risada! Ficou atrás delas o relento cada vez mais frio e
escuro, onde o eco dos sentimentos permaneciam… juntamente com as saudades de
Paulo.
Noite!
Escura e
estrelada
Aqui penso
em ti… e vejo-te como?
Como uma
noite interminável…
Olho o céu
negro e duas estrelas
Relembram-me
teus olhos
Mais abaixo
outra, o teu nariz e outra a tua boca!
E num acesso
de loucura
Estico os
braços e tento apanhá-las,
E caio em
mim, que
Aqui nunca
te poderei alcançar… nesta noite
Noite que é
dolorosa
Noite de mil
sonhos e pesadelos
Me ocorrem,
no meu sono!
Noite que é
dolorosa porque te queria ao meu lado
E que me
deixa frustrado
Em noite
após noite
Um dia
chegará que tudo acabará
E as noites
serão na tua companhia…
E não mais
serão noites!
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