terça-feira, 7 de abril de 2015

Terceira parte do meu livro O PERFEITO DO IMPERFEITO

publico aqui mais um pequeno seguimento da mionha obra, que podem adquirir aqui:https://www.chiadoeditora.com/livraria/o-perfeito-do-imperfeito


            Precisava       muito        saber   o que a amedrontava, precisava de saber a verdade.
Colocava perguntas a si própria, às quais respondia em pensamento. Ao mesmo tempo, olhava em seu redor, na esperança de descobrir mais alguma pista o peluche, kiko, se estava ali, tinha de haver uma rao e ela queria descobri-la.
Quem era? Isso sabia... Onde estava? Também, pois perante o que ouviu e do que vagamente se lembra, podia ter acabado numa tragédia. Que fazia ela naquele lugar e há quanto tempo? Não imaginava... Mas estava prestes a descobrir, e por essa razão, o seu nervosismo aumentava.
O seu olhar prendeu-se no ursinho azul… o que faria ele naquele lugar? O seu pensamento perguntava, mas ela continuava sem saber a resposta, da sua primeira pista.
Francisca sentiu um arrepio ao reavivar a última imagem guardada no seu cérebro, aquela que se recusava a acordar. A maneira simpática e amorosa de como o menino, conhecido, a abordou dizendo-lhe:
- os ao ar! pido ou disparo!
Depois, ouviu a gargalhada cheia de felicidade, lançada ao ar por aquela criança de nome Luizinho. Ela sorriu, ao mesmo tempo que deu um pequeno passo para se voltar para o menino, quando ouviu e sentiu um disparo que tudo parou. A luz da sua memória apagou-se naquele instante.
Sentiu uma dor tão profunda ao ressuscitar os momentos que a lançaram para o vazio, que estremeceu de medo e de dor, só de pensar.
Francisca    esticou-se     na   tentativa de conseguir alcançar o peluche azul, que estava  sentado, aos pés da sua cama. Quando satisfez a vontade de o agarrar olhou-o bem, nos olhos, e com o seu olhar perguntou-lhe:
- O que significa a tua presença aqui?...
 Sim, ela lembrava-se perfeitamente bem quando e a quem tinha oferecido aquela lembrança… só não percebia o que fazia ali e agora. Abraçou-o tão fortemente, como se fosse a própria pessoa que ali estivesse e, ao mesmo tempo, quisesse aliviar o pavor que habitava nela.
Já era manhã, talvez perto das nove… calculava ela, visto estar na hora do pequeno-almoço. Nessa altura, foi ajudada a escolher uma posição diferente, talvez mais cómoda, para assim comer qualquer coisa, aconchegando um pouco mais o estômago. Foi obrigada a comer umas bolachas e beber um pouco de leite.


O Dr. Rui Rodrigues, como estava escrito na etiqueta exposta no peito da sua bata, entrou pelo quarto adentro, alegre e charmoso, como sempre, na sua vestimenta branca.
- Olá bom dia, como se sente? Perguntou ele com o seu sorriso charmoso, a sua voz meio rouca e com o jeito atraente.
Francisca retribuiu-lhe o sorriso meigo, ao cumprimentá-lo e, apreciou a sua delicadeza ao puxar a cadeira de madeira, solitária, que ali se encontrava. Francisca pode contemplar, melhor, a doçura de todos os seus gestos, quando se sentou ao seu lado. Até sentiu a ternura agradável e suave, da loção que usava.
Sentia-se agora muito melhor, física e emocionalmente, apetecia-lhe dizer algo mais, que bom-dia, como esperava que fosse. Continuava com as pernas insensíveis, algo esquisito, mas


passageiro, pensava ela. Tinha a cabeça cheia de perguntas, mas bastante receio de saber qual seria a verdadeaquela verdade que ainda não sabia e se tornava cada vez mais duvidosa.

Francisca desejava muito ouvir a resposta ambicionada e pretendida e, ao mesmo tempo, poder continuar a desfrutar do tempo futuro, daquele que ainda não viveu. Implorava para que isso fosse totalmente verdade. Foi algo que levou o Dr. Rui a ficar com a sua paciente, por um tempo indefinido. Para, tamm, a fazer compreender o quanto a verdade pode ser hesitante e imperfeita. Nada é definido nem decisivo, tudo é passageiro e, principalmente, tudo pode acontecer a qualquer um e em qualquer circunstância.

Fê-la compreender que ninguém é dono do destino, nem tem o poder de muda-lo. Esse facto deixou-a muito perturbada, mas bem realista, esperançosa e duvidosa. Porque agora lhe era permitido, saber esperar e ser positiva o máximo possível

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