terça-feira, 14 de setembro de 2010

O PERFEITO DO IMPERFEITO 4

O QUE É PROMETIDO, É DEVIDO... AQUI VAI UM POUCO MAIS DA PRIMEIRA HISTÓRIA   DO MEU LIVRO," O PERFEITO DO IMPERFEITO".
HISTÓRIAS  REAIS, ÉPISÓDIOSQUE  EU TESTEMUNHEI, ONDE A TRAGÉDIA ESTÁ
SEMPRE PRESENTE.  


        CAPITULO DOIS

 

    Helena continuava agarrada ao “peluche azul” agora já sabia o significado da sua presença ali. Sabia também o porquê daquelas flores tão lindas em cima do móvel. Quase todas as perguntas continham uma resposta, fosse amarga, inadequada ou severa, eram reais.
    Não, não podia ser verdade, a condenação era demasiado grande… Deus não podia ser tão perverso, Ele não castiga, mostra unicamente o certo e o errado, oferecendo-nos a oportunidade de escolha. Helena tentava mentalizar-se com este pesadíssimo fardo, tentava encontrar uma desculpa qualquer para aliviar o seu sofrimento. Mas era deveras difícil.
   Onde muitas vezes não se faz o justo valor, ou se oculta a real verdade preferindo assim viver na ignorância, só para evitar a origem da verdadeira razão. Porque por vezes a verdade é tão simples que não se vê. E a escolha errada por vezes parece a “mais fácil”.
    Por falta de conhecimento ou por descuido não se tomam as decisões adequadas, mas sim as incertas, e depois alguém é obrigado a sofrer as consequências ou a pagar pelo inesperado. É este o triste jogo da injustiça desta vida onde o inofensivo é que sofre o erro resultando nesta cruel verdade, neste jogo da vida.

   Foi exactamente o que aconteceu a Helena, quando alguém se apaixona e pensa que o amor é único e verdadeiro, quando alguém pensa que é o maior e melhor de todos, o dono da certeza, levando qualquer um a recusar de ver, ou ouvir, o que é evidente.
   A verdade é que não existe pior cego, ou surdo, do que aquele a quem se oculta à realidade. Aquele que pensa saber tudo e ser o melhor “mas não sabe absolutamente nada”, pois somente assim se aprende. E ninguém nos pode ensinar melhor que a nossa própria escola da vida.
   Pois foi a primeira vez que teve relações sexuais, estava apaixonada pelo João, o rapaz com o qual já enamorava há alguns meses.
    A curiosidade acumulava sempre que ouvia risos e comentários das amigas a gabarem esse facto, acontecimento que cada vez mais, desejava conhecer.
   Sob a influência das amigas, cedeu assim à tentação da enorme curiosidade que lentamente a invadia. Poucos meses após o primeiro encontro, estava uma noite fria e chovia torrencialmente. Depois de assistirem a uma sessão de cinema, no pequeno e único teatro da vila. Abrigou-se numa pensão juntamente com ele, onde pouco a pouco, a intimidade entre eles ganhou terreno. Mas não sentiu nada de especial, além de sangrar como se chegasse a menstruação com dores horríveis sentindo-se bastante desconfortável.
    Não teve satisfação nenhuma, tanto como ouviu elogiar, antes pelo contrário, achou-se uma completa fracassada. Talvez isso se devesse ao facto de estar inteiramente tensa pela novidade, pois só depois da segunda relação, é que o prazer, vagarosamente tomou conta do seu corpo. Graças ao relaxamento que lhe foi oferecendo terreno, dando-lhe, pouco a pouco, a possibilidade de adquirir a descontracção, e confiança depositada nela própria.
   Foi nessa altura também, que Helena ficou com a certeza, da traição da pessoa amada. Ela foi-se apercebendo da sua ausência e indiferença. Parecia alheio a tudo ate às intimidades nascidas entre os dois.
   Preferiu então terminar o namoro a sustentar essa frieza indesejável, ou mesmo dividi-lo com outro alguém, tudo isto sem sequer imaginar que estava a germinar um ser no seu ventre ou a construir uma vida.
    Quando ficou a saber da gravidez, e sem pensar duas vezes, a revolta sentida falou mais alto. Então, de cabeça ainda quente, sentindo-se confusa e magoada, resolveu fazer o que já algumas amigas e muitas outras mulheres tinham feito. Um aborto…
    Sentiu-se com coragem suficiente para desistir e apagar tudo o que lhe recordasse o amor perdido. O primeiro grande amor, aquele que a ilusão ditava ser o único até ao fim da sua vida.

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