quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

POEMA ENPRESTADO














A Flor do Esquecimento


Uma flor tocada por uma gota de orvalho
Como que a derramar uma lágrima pela saudade da noite
Que pesa na sua pétala leve de delicada
Como uma réstia dessa clandestina indesejada

A noite que a deixou só e desamparada
Habituada a que estava a ser admirada
Pergunta-se triste e sem o norte
Que fiz para merecer tal sorte

Procura a vida em seu redor
A vida que despertava com a sua cor
A vida feliz por a ver existir
Com a sua beleza natural a sorrir

Procura toda a noite um olhar de atenção
Um olhar que desperte a vida no seu coração
Um olhar que a resgate da dor de se sentir só
Alguém que se lembre dela e tenha dó

A noite, sua maior inimiga
É agora sua nova companheira
Do desconforto que lhe trouxe
É agora sua única conselheira

Escuta-a a chorar a sua tristeza
A teimar que é sua, a beleza
A dizer-lhe o grande feito
De ter sido feita a preceito

Lamenta-se num rio de lágrimas
Do seu infindável desgosto
Do mundo se esquecer dela
No momento do sol-posto

E a noite lembra-lhe convicta
Terás de esperar pela minha morte
Para que te faças de esquecida
Pela luz do sol, pela sua corte


Esperas o raiar do dia
Para teres a ousadia
De esqueceres para sempre
Quem te ouviu confidente


Estás decidida a receber o dia
E ver restabelecida a tua alegria
Por guarnecida de tua cor garrida
Resplandecendo com a luz da tua vida


E o sol ilumina agora a flor
Uma última lágrima de despedida
De felicidade pelo surgimento do sol
Que lhe trará novamente o seu valor

Feliz de uma assentada
Agora da noite livrada
Tem a desejada certeza
De ser admirada, a sua beleza

Brilha no horizonte o seu último lamento
 Dessa lágrima que desaparece com o vento
E diz o seu adeus há noite
Que lhe trouxe tanto sofrimento


Sem comentários: