sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

HISTÓRIA IMFANTIL


 O SONHO DA JOANA




  Joana era uma linda criança que caminhava harmoniosamente nos seus oito anos de idade. Era bastante alegre, reservada e pobre. Não deixava, porém, de transbordar doçura e encantamento.
  Com os seus cabelos loiros, cheios de caracóis, suas faces rosadas e olhos azuis, vivia feliz, simplesmente por existir.
  Morava numa casa pequena e repleta de simplicidade, com os seus pais, cinco irmãos e avó que lhe contava variadíssimas histórias, as quais ela adorava ouvir.

   Estávamos no final da Primavera e, como era costume, Joaninha fazia sempre questão de acompanhar suas irmãs quando iam regar a horta, que ficava um pouco distante de sua casa.
  Pois deliciavam-se ao passearem debaixo das árvores, nas suas sombras onde ao mesmo tempo comiam as frutas da época, viam e ouviam o chilrear dos passarinhos e respiravam a brisa refrescante e perfumada, vinda desse ar tão puro e tranquilo, que só a natureza sabia oferecer.
  Inclusivamente, gostavam de apanhar todo o tipo de flores campestres, para se embelezarem a elas próprias ou levarem para enfeitarem a casa, ou única e simplesmente sentirem o prazer de as apanhar e cheirar.

  Sim, regar a horta, era algo que elas também adoravam compartilhar, pois deliciavam-se com a frescura da água corrente, que provinha duma nascente, seguindo em direcção à horta ressequida pela quentura do sol, a qual suavizava esse bafo quente, normal da estação. A água, ao passar pelos regos, absorvia-se na terra, transformando esta em lama debaixo dos seus pés descalços e que elas patinhavam gostosamente.

  - Queres também que te lave uma cenoura tenrinha para comeres? Perguntou-lhe a sua irmã mais velha, enquanto as escolhia e arrancava.
  - Que bom, que maravilha! Sabem tão bem! Prova uma, dizia a outra irmã, enquanto se deliciava ao dar pequenas dentadinhas na cenoura, acabada de lavar.
  - Sim. Vou experimentar também. Deve ser bom…, respondeu Joaninha, com a curiosidade à flor da pele.
  E, quando deu a primeira dentada, não desgostou do sabor, talvez um pouco agridoce…mas fresquinho e apetitoso.
  De repente olha fixamente para a rama verde e murcha das cenouras, feijões e alfaces e vê sobressair uma cana nascida no meio delas, igual às que estavam a segurar os feijões e tomateiros ainda verdes, mas já bastante altos e com os rebentos crescidos.

  Defronte dela, Joana contemplava, imóvel e boquiaberta, as pequenas vagens que continham os feijões e que lentamente se transformavam em flores de todas as cores: eram papoilas vermelhas, lírios roxos e até os malmequeres, brancos ou amarelos, iguais aos que elas adoravam e com que se deliciavam a fazer colares estavam lá e cresciam juntamente.
 De repente, aparecendo do céu, ela viu uma linda andorinha colorida a voar à sua volta, a qual lhe segredou:
  - Joaninha voa, voa, segue-me, dá asas ao teu sonho!
  E assim, ela deixou-se fascinar e guiar por aquele maravilhoso pássaro, vindo misteriosamente do nada...

  Joaninha admirada e com bastante receio deu um passo em direcção à paisagem, que crescia lenta e maravilhosamente na sua frente.
  Em primeiro lugar sentiu o medo preencher o seu coração, mas recusou-se a fazer-lhe a vontade não o deixando entrar.
  Então, ela seguiu o impulso e a curiosidade abriu a porta ao seu sonho… e assim acompanhou a linda andorinha que a esperava.
   Sentiu-se leve e deixou-se flutuar nesta autêntica magia... e entra, lenta e cuidadosamente, quando, inesperadamente, um aroma esquisito e agradável ao mesmo tempo a invadiu: era húmido e quente com um ligeiro cheiro a sal. E deixou-se conduzir sem saber por quem, talvez pela simples vontade de conhecer algo de que só tinha ouvido falar.
  Joana deparou-se com uma paisagem parecida com aquela que tinha desenhado alguns dias antes na escola: era uma enorme praia, com areia branca e o mar infinito de um azul transparente. Ali podia, inclusivamente, apreciar todo o tipo de peixinhos a passear e como que a chamá-la...

  Ela sentiu que a vontade a preenchia pouco a pouco e, assim, num impulso deixou-se conduzir por esse desejo infinito de mergulhar nessas águas límpidas, frescas e apetitosas. Continuou em direcção a uma estrela-do-mar, que lhe sorria e a chamava.
   Já dentro da água salgada, brincou com os peixinhos, andou às cavalitas de um cavalo-marinho, chapinhou com suas irmãs, jogou com as conchinhas na areia e voou com as borboletas, gaivotas e até com um golfinho, que saltava e mergulhava nessa água com sabor a sal.
  Ao fim de um certo tempo, quando o cansaço começou a tomar conta delas, deitaram-se na areia quente, enquanto desfaleciam de tanta estafa. Fechando os olhos, deixou-se embalar pelo sonho acabado de viver.
   - Joana, acorda! Vem, temos que ir embora já é tarde... ouviu ela inesperadamente. Sendo as vozes bem conhecidas das suas irmãs, que a chamavam.
  Enquanto Joana tentava abrir os olhos, sente repentinamente cair em cima do seu colo um pêssego, vindo do pessegueiro onde permanecia sentada e encostada, que se juntou aos outros que já estavam no chão ao seu redor.
  - Adormeci?! Interrogava-se Joana admirada…

  E as suas irmãs continuavam ali imóveis ao seu lado, olharam fixamente umas para as outras como digerissem a magia do mesmo sonho.
  Caminharam as três, silenciosamente, em direcção ao pequeno e estreito caminho que as levaria a casa, pensando em tudo o que acabavam de viver.
  E assim, ficou o encantamento, mas também, mais enriquecidas nos seus sentimentos e ilusões...


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