sexta-feira, 8 de abril de 2011

O PERFEITO DO IMPERFEITO PARTE 18

como prometido, aqui deixo mais uma parte do meu livro



    Depois de saber que era uma doença crónica, incurável e progressiva, não sabia ao certo a sua origem, nem se já existiram casos semelhantes. Talvez nos seus antepassados? Embora presentemente existisse. Tino era um primo seu, afastado e único membro da família ainda vivo, porque os outros dois irmãos já tinham falecido derivado a uma doença “parecida” ou “igual”. Derivado ao facto de escolher e se instalar mais na parte cardiovascular e pulmonar, o coração juntamente com o lado respiratório não encontraram forma de resistir. E partiram desta vida aos vinte e três anos, altura em que Tino tinha treze anos de idade e os falecidos com diferença de apenas um ano entre eles.
   Foi aos treze anos, altura em que Tino começou a demonstrar indesejavelmente esta doença, e oito anos depois, já dependia de uma cadeira de rodas, e da ajuda de terceiros.
   Quanto a ela, o recheio desta enfermidade variou um pouco, ficou dolorosamente mais preguiçoso tornando-se mais incómodo. Isto porque, o conteúdo de cada corpo, por mais que se pareça igual, nunca o é na totalidade, existem sempre propriedades e evidências únicas, por isso as doenças por mais idênticas que possam parecer, manifestam-se de maneira diferente, por essa razão cada caso é um caso.

   Ela sonhava acordada, quem brincava à sua frente era uma criancinha com pouco mais de um ano, primeiro e único filho da sua irmã Elisa. Uma gravidez era algo que nunca poderia ter, ou seja, que nunca seria aconselhável, só e unicamente porque “recusava-se” dar possivelmente continuidade a este pesadelo.
   Francisca sentada numa cadeira de madeira, olhava fixamente para o vazio, deixava o seu olhar navegar nas ondas do horizonte, ao mesmo tempo que se recordava de cada palavra lançada da boca do médico, investigador da sua doença.
   - “Ainda não existe cura, mas logo que haja algo, nem que seja para estacionar, fique tranquila que eu aviso”.
   Havia alguma razão para ficar tranquila depois de saber tal facto? Existia algum motivo desconhecido para todo este desenrolar? Ou seria obrigada a aceitar claramente um futuro turbulento e indesejavelmente esperado?

   Os meses iam chegando e passando, com eles chegavam também as dificuldades, mas não passavam, antes pelo contrário amontoavam-se cada vez mais e mais abundantes.
    Francisca passou a viver juntamente com sua irmã Elisa, filho e marido, família que se mudou para o centro da grande cidade também, um modesto apartamento, no primeiro andar, sendo um imóvel amarelo com apenas três andares. O que dificultava as saídas à rua eram as escadas, mas como possuíam corrimão… a dificuldade transformava-se num desafio.


Sem comentários: