sábado, 30 de abril de 2011

O PERFEITO DO IMPERFEITO PARTE 19ª PARTE

MAIS UMA PEQUENA PARTE DO MEU LIVRO


   Passados alguns dias, através da janela que costumava permanecer aberta, reparou na simpatia do seu vizinho, acabado de se mudar para o apartamento em frente, lançava-lhe um olhar tímido e belo juntamente com desejo.
   Sentindo-se lisonjeada e com timidez à mistura por se sentir capaz de despertar o interesse do sexo oposto ficou também decepcionada e com pena, simplesmente porque o receio morava constantemente com ela. Tinha a certeza que logo que fosse sabedor da verdade, sobre a sua doença os sentimentos morreriam, até mesmo, os que não tiveram tempo de nascer.
   Mas Francisca enganou-se inteiramente a esse respeito e felizmente, Jorge como se chamava, não encontrou incómodo nenhum, a fazer nascer uma relação sincera e válida.
   Foi Francisca que meteu conversa com ele, ao perguntar-lhe se gostava de música, estando ela a ouvir as baladas num som razoável, à qual ele respondeu positivamente. Ela adorava música melodiosa, ouvia principalmente música calma, cantores como o Phill Collins, Elthon John, Scorpions etc…, eram famosos na época.
   Disponibilizou-se imediatamente a emprestar-lhe discos e cassetes com músicas destes cantores que lhe interessassem. Mas Jorge deu-lhe a entender estar interessado por ela!
   No dia seguinte enquanto seu sobrinho dormia a sesta, Francisca aproveitou a ocasião e com bastante cuidado desceu as escadas e dirigiu-se à livraria, que se situava exactamente ao lado da casa dela. Só com a ideia de comprar uma revista semanal ao fazer um pouco de exercício, com a curta caminhada.
   Ao sair da papelaria, sentiu uma brisa fresca a acariciar um fim de tarde calmo e quente. Deixou-se ficar uns segundos encostada ao poste e a sentir o ar a refrescar-lhe as pernas, principalmente, graças aos calções que usava quase sempre.
   Quando estava a entrar a porta do prédio, quase que chocou com o vizinho, que era Jorge, e lhe perguntou se queria ajuda. Francisca sentiu-se tímida e insegura, fazendo com que essa pergunta a deixasse um pouco nervosa. Mas depressa se deu conta dessa inutilidade e com um sorriso repleto de timidez aceitou apoiar-se no braço dele.
   Quando chegaram ao cimo das escadas, antes de abrir a porta de casa, houve uma troca de olhares entre eles. Francisca sorriu-lhe como forma de agradecimento, sentiu o intenso olhar dele sobre seu corpo, observando-a a cada gesto, fazendo-a sentir-se vaidosa, logo nessa segunda conversa, Francisca foi sincera para Jorge. Falou-lhe sobre a sua doença e sobre si própria confessando-lhe um pouco da sua vida. Jorge disse-lhe que já tinha notado algo diferente, mas não via nenhum impedimento em construírem uma amizade sincera… Sentia uma tal doçura vinda de Francisca que pensou poder desfrutar, se assim ela o entendesse.
    Recorda-se bem do dia em que trocaram o primeiro beijo apaixonado, quando ele lhe ofereceu uma caixinha dos seus bombons preferidos.
   -Um gesto de carinho… vi-os e lembrei-me de ti… Disse-lhe ele, com um ar apaixonado, sem saber como resistir mais, ela entregou-se ao desejo.
   Jorge dava cor à vida que pouco a pouco se tornou incolor no mundo de Francisca. Fazia renascer a vontade e esperança que já tinham desfalecido, mas principalmente enriquecia a visão que ela tinha da realidade.
    - O que tiver que ser, será, porque é muito forte, o importante agora é sentir-mos amor… o amanhã virá, não achas? – perguntou ele.
   - Claro que acho! É exactamente esse o valor de uma relação!
   - Tu és linda! por dentro e por fora, eu gosto de ti como és, porque a tua maneira de ser vai ao encontro do que espero duma mulher… não te quero perder! - Dizia ele com uma demonstração de certezas, e Francisca sorria-lhe cheia de felicidade porque no fundo também sentia por ele algo que fazia o seu coração bater mais depressa.
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