sábado, 30 de outubro de 2010

5ª HISTORIA INFANTIL

MAIS UM CONTO, DA MINHA AUTORIA,PARA CRIANÇAS E NÃO SÓ... ESPERO QUE GOSTEM.
                                        Arnaldo e seus amigos



    Era uma vez, numa linda tarde de Verão, dois meninos que jogavam à bola perto do riacho que corria, sem parar, ali ao lado de sua casa.
    Arnaldo, como se chamava um deles, além de ser, uma criança bastante solitária e triste, pois vivia só com a sua mãe, sentia-se feliz. Ele rondava nos seus nove anos de idade e brincava, alegremente, com o seu colega de classe, João, que era o seu vizinho mais chegado e grande amigo.

    João tinha a mesma idade que Arnaldo, mas sentia-se, como que, o mal amado da escola. Pois possuía a pele um pouco mais escura que o normal, e só podia ser por esse motivo que constatava nitidamente, o afastamento, da maioria, dos seus companheiros.
    Mas Arnaldo, que notava bem esse, triste, abandono por parte dos colegas, não encontrava problema nenhum em o considerar, o melhor amigo. Ele dizia-se que no coração não existe cor, moram unicamente os bons sentimentos.

     Arnaldo gostava imenso do trajecto que ligava a sua casa à escola, ali podia desfrutar de toda a natureza existente nesse pequeno caminho.
    Como segredar com o vento, cada vez, que ele vinha ao seu encontro e o acariciava. Ou mesmo contemplar a beleza das flores retribuírem-lhe o sorriso e carinho ao abrirem-se lentamente para ele, enviando-lhe o perfume e darem-se ás abelhas, para que elas possam fabricar o puro mel, tão bom.

    Adorava acordar de manha com o chilrear dos passarinhos que o acompanhava até ao deitar.
    Esses vários cânticos iluminavam o seu dia a dia, tal como esses maravilhosos sons da água corrente, que ao baterem nas, pedras brancas, das margens do rio, as desgastavam.

    No fim do Verão, Arnaldo adorava acompanhar a sua mãe aos campos, para apanharem, os vários tipos de ervas e fazê-las secar. E assim, nas noites frias de Inverno, se deliciarem com os diversos chás, tão quentinhos.

    Mesmo nesses dias gelados, em que a maioria dos colegas descobriam sempre alguma desculpa, ou alguma razão, para faltarem à escola.
    Arnaldo encontrava sempre, no fundo do seu eu, uma razão positiva buscando forças para continuar, a sua caminhada na estrada da vida.
    Então olhava os peixinhos, que brincavam e saltitavam alegremente nessas águas geladas. E perguntava-se, como é que algo tão pequenino vivia simplesmente feliz.


    Os dias e os anos passaram, os amigos e colegas da escola também, iam e vinham, casavam ou mudavam, simplesmente ou fisicamente. Até Arnaldo mudara, mas só na idade. Ele iria completar os vinte anos de idade no dia seguinte.
    Mas ele continuava apreciador daquele caminho, só que agora, mais que nunca, pois desfrutava da companhia de Marta. A mais recente colega e vizinha, aquela que percorria quase sempre o caminho com ele.

    Eles gostavam de fazer o trajecto juntamente, há já três meses que isso acontecia, pois possuíam gostos muito parecidos, então falavam e partilhavam, um pouco de tudo.

    A manhã seguinte chegou, e Arnaldo dirigiu-se para o caminho que habitualmente percorria, quando de repente ouve aquela voz, que tão bem conhecia.
   - “Parabéns a você…” dizia Marta, ao mostrar-lhe um lindo sorriso e estendendo-lhe um presente.
   Arnaldo ficou bastante comovido com a lembrança de Marta. E quando abriu o presente, deparou-se com um dos livros que tanto ambicionara, mas também, o que tinha uma excelente ligação com o seu actual curso.
    O de Biologia e Arqueologia, aquele que lhe fora “destinado”. Mas também, aquele, que para ele era o seu preferido tendo uma maravilhosa relação com o que aprendera a amar.

    Assim nasceu o amor e o respeito, entre eles, algum tempo depois chegou o dia do casamento.
    Festejaram esse acontecimento numa linda e simples cerimónia, pois é nas coisas mais simples, que se encontra a verdadeira felicidade.

    No final desse dia, o do seu casamento, onde seu grande amigo, João, aquele que não podia faltar, se encontrava, obviamente, presente.
   Ele esperou que todos os convidados saíssem para lhe fazer a pergunta que sempre ambicionou mas que nunca sentiu coragem de lhe perguntar.

    - O que vês tu neste local, que não pretendes afastar-te de cá, nem tão pouco trocá-lo?
     Questionou-o João com um sorriso. Pergunta que Arnaldo já esperara e à qual respondeu com outro simpático sorriso, então respirando fundo disse:
    - Eu vejo este rio como a vida que passa continuamente e não pára, nunca. E nós que, parecemos as margens, ficamos eternamente paradas ao vê-la passar. E respirando fundo continuou.
    - A vida traz e leva tudo, e nós, as margens, ficamos eternamente à sua espera, por isso, somos obrigados a acolher, voluntariamente, todos os momentos e oportunidades que ela nos traz, para semear, cultivar e colher os frutos…
   Sim era perfeitamente lógico, tudo nesta vida é passageiro, a obrigação de a tornar positiva habita em nós, como os sentimentos e a arte do coração...




Sem comentários: